PM suspeito de dirigir veículo usado na execução de delator do PCC é preso

Policial militar é investigado como condutor do veículo VW GOL preto utilizado na execução de de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach

18 jan 2025 - 08h57
(atualizado às 09h15)
Montagem com a foto, à direita, do Tenente Fernando Genauro da Silva, e imagem do corpo de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach.
Montagem com a foto, à direita, do Tenente Fernando Genauro da Silva, e imagem do corpo de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach.
Foto: Divulgação/Polícia Civil

A Polícia Civil prendeu neste sábado, 18, um policial militar suspeito de ser o motorista do carro usado pelos atiradores na execução de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, de 38 anos, em novembro do ano passado no Aeroporto de Guarulhos (SP). 

Segundo informações da polícia, o preso é o 1º tenente Fernando Genauro da Silva, de 33 anos. Ele foi preso no Jardim Umuarama, município de Osasco e encaminhado para a sede do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). 

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O PM será ouvido e depois encaminhado ao Presídio Romão Gomes da Polícia  Militar. O policial militar é investigado como condutor do veículo VW GOL preto utilizado na execução do delator do PCC.

O empresário foi morto no dia 8 de novembro do ano passado, após desembarcar no Terminal 2. Policiais militares realizavam a escolta particular de Vinicius Gritzbach. O ataque também vitimou um motorista de aplicativo e deixou outras pessoas feridas. Veja abaixo a cronologia do caso.

Desembarque e início do ataque

Às 16h03 do dia 8 de novembro, Gritzbach, acompanhado do filho e de um amigo, desembarcou no Terminal 2, sob proteção de seguranças particulares em uma Trailblazer. Assim que saiu do saguão, dois homens encapuzados e armados com fuzis surgiram, disparando contra ele. As imagens de câmeras de segurança mostram passageiros em pânico, correndo com suas malas, e funcionários tentando se proteger.

O empresário morreu no local. Celso Araújo Sampaio de Novais, de 41 anos, motorista de aplicativo que estava próximo, também foi atingido e levado em estado crítico ao Hospital Geral de Guarulhos, mas não resistiu aos ferimentos.

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Outros feridos incluíram Willian Sousa Santos, de 39, funcionário de uma empresa terceirizada, com lesões na mão e ombro, e Samara Lima de Oliveira, de 28, que sofreu um ferimento leve no abdômen e foi liberada após atendimento.

Após a execução, os atiradores fugiram em um Gol preto, abandonado pouco depois nas proximidades do aeroporto. Dentro do veículo, foram encontrados munição de fuzil e um colete à prova de balas.

Investigação

A área foi isolada para perícia, e os funcionários orientados a se afastar e evitar comentários sobre o ocorrido. O corpo de Gritzbach foi removido por volta das 21h, e a região foi liberada cinco horas depois, transferindo os desembarques para o andar superior até a conclusão dos trabalhos periciais.

A namorada de Gritzbach, que estava presente, saiu do aeroporto antes da chegada das autoridades, acompanhada de um policial militar da escolta do empresário. Seu celular foi apreendido, e ela foi ouvida pelas autoridades.

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A Polícia Federal, em conjunto com a Polícia Civil anunciou no sábado, 9, a abertura de uma investigação integrada sobre o homicídio.

Os quatro policiais militares que atuavam na escolta no dia do crime foram afastados de suas funções e tiveram seus celulares apreendidos para investigação. São eles: Leandro Ortiz, de 39 anos, Adolfo Oliveira Chagas, de 34, Jefferson Silva Marques de Sousa, de 29, e Romarks César Ferreira de Lima, de 35. 

Após uma denúncia anônima, a Polícia Militar encontrou dois fuzis com carregadores e uma pistola em uma mochila. Posteriormente, outras duas mochilas contendo mais um fuzil, sete carregadores e placas de identificação foram localizadas.

Motivações e histórico

A polícia trabalha com a hipótese de que Gritzbach foi executado a mando do PCC, organização criminosa que ele havia delatado.

Outras possibilidades, como queima de arquivo, também são consideradas, uma vez que ele firmou um acordo de delação premiada e tinha um histórico de atritos com agentes públicos, aos quais relatou ter pago propinas elevadas.

No passado, Gritzbach escapou de um atentado no Natal de 2023, quando tiros foram disparados em sua direção em sua residência no Jardim Anália Franco, no Tatuapé, zona leste de São Paulo. 

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Delação premiada

Uma operação teve início após uma denúncia anônima recebida em março de 2024, apontando possíveis vazamentos de informações sigilosas que favoreciam criminosos ligados à facção. A investigação inicial, conduzida pela corregedoria, evoluiu para um inquérito da Policial Militar instaurado em outubro de 2024.

"Apurou-se que informações estratégicas vazadas por policiais militares, incluindo da ativa, da reserva e ex-integrantes da instituição, permitiam que membros da organização criminosa evitassem prisões e prejuízos financeiros", disse a PM.

Ainda de acordo com a corporação, entre os principais beneficiados pelo esquema, estavam líderes e integrantes da facção criminosa PCC, alguns já falecidos, outros procurados, como Marcos Roberto de Almeida, conhecido como 'Tuta', e Silvio Luiz Ferreira, apelidado de 'Cebola'.

A operação conta com a colaboração da Força-Tarefa instituída pela Secretaria da Segurança Pública, que busca identificar outros envolvidos e eventuais mandantes do crime.

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Morte encomendada

Em delação, Gritzbach falou sobre o envolvimento do PCC, a maior organização criminosa do País, com o futebol e o mercado imobiliário. Ele também deu informações sobre os assassinatos de líderes da facção, como Cara Preta e Django, mencionando a corrupção policial e suspeita de pagamento de propina na investigação da morte de Cara Preta.

Segundo o MP, Gritzbach teria mandado matar dois integrantes do PCC: Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, e Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, motorista de Anselmo. Ele negava envolvimento com as mortes.

Vinícius ficou preso até 7 de junho de 2023, quando ganhou liberdade condicional e passou a usar tornozeleira eletrônica. Em junho de 2024, a polícia foi mobilizada para atender a um suposto sequestro do empresário.

O DHPP foi acionado após a esposa de Vinícius e os dois seguranças dele ligarem para o advogado de defesa, informando que houve uma movimentação suspeita, de um carro para outro. Ao dar seu depoimento, Gritzbach demonstrou nervosismo. 

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Fonte: Redação Terra
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