PMs foram obrigadas a mentir e ocultar provas de tortura a Amarildo em UPP

28 out 2013 - 10h16
(atualizado às 10h16)

Quatro policiais militares - todas mulheres - afirmaram ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) que foram obrigadas por superiores a ocultar provas da tortura ao ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, além de terem recebido ordens para mentir aos investigadores do caso. As soldados, que trabalhavam na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, prestaram depoimento à promotora Carmen Eliza de Carvalho. "Elas desabaram. Choraram mesmo. E todas falaram a mesma coisa: 'Hoje, depois de muitos meses, eu vou conseguir dormir'", disse ela. As informações são do Bom Dia Brasil, da TV Globo.

As PMs esconderam as informações sobre a tortura durante mais de três meses - Amarildo desapareceu no dia 14 de julho, após ser levado à sede da UPP da Rocinha. Elas afirmaram que só tiveram coragem de contar a verdade depois que alguns dos policiais acusados de envolvimento no caso foram presos.

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Uma das PMs disse que ouviu gritos e pedidos de socorro vindos de trás da sede da UPP, mas tapou os ouvidos para não ouvir - ela disse a duas colegas que "isso não se faz nem com um animal". A tortura durou cerca de 40 minutos - depois, houve silêncio e, em seguida, barulho de risos.

Outra PM disse à promotora que o então comandante da UPP, major Edson Santos, chamou os policiais para uma reunião com um advogado, e o encontro foi como um pré-depoimento: os agentes receberam orientações sobre o que deveriam falar aos investigadores. "Elas tinham muito medo do que poderia acontecer com elas. 'Vocês não ouviram nada, não teve nada de anormal e Amarildo desceu pela escada.' O tom era esse de orientação. Entenda-se determinação", disse a promotora. 

O sumiço de Amarildo

Amarildo sumiu depois de ser levado por PMs para a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na comunidade. O ex-comandante da unidade sustentou que o pedreiro foi ouvido e liberado, mas nunca apareceram provas que mostrassem Amarildo saindo da UPP, pois as câem frente à UPP. E eles ainda não contavam que uma outra câmera, mais para o fim da escada, estava em pleno funcionamento e não registrou a passagem do pedreiro como eles alegavam", completou ainda a promotora do Gaeco. 

Os dez primeiros PMs denunciados e já presos negam participação no crime. O corpo de Amarildo segue com paradeiro desconhecido - no último dia 27 de setembro, uma ossada foi localizada no município de Resende, no sul do Estado do Rio de Janeiro. A necrópsia realizada, no entanto, não foi esclarecedora e um novo exame será realizado a fim de concluir o relatório para definir se trata-se, ou não, do ajudante de pedreiro morador da Rocinha. 

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Fonte: Terra
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