Polícia prende mais de 30 pessoas em operação contra o golpe dos nudes

Segundo a polícia, dinheiro extorquido das vítimas era usado para sustentar o luxo de líderes da organização criminosa e para o tráfico

29 mai 2023 - 13h42
(atualizado às 14h06)
Polícia apurou que suspeitos de chefiarem organização criminosa que aplicava golpe dos nudes exibia vida de luxo
Polícia apurou que suspeitos de chefiarem organização criminosa que aplicava golpe dos nudes exibia vida de luxo
Foto: Divulgação/Polícia Civil

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul, com apoio de policiais civis de Santa Catarina, deflagrou nesta segunda-feira, 29, a Operação Cantina, que resultou na prisão de 33 suspeitos de participar de uma organização criminosa. O grupo teria aplicado o golpe dos nudes em vítimas de diferentes estados do País.

Segundo a PC-RS, a organização criminosa interestadual é investigada pelos crimes de lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, porte ilegal de munições e armas de fogo, extorsões e corrupção de menores. Além das 33 pessoas presas durante a ação, a polícia também apreendeu veículos, armas de fogo, munições, dinheiro em espécie, entre outros bens.

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A operação contou com 150 policiais civis dos dois estados e com o apoio aéreo do helicóptero da Polícia Civil gaúcha. No Rio Grande do Sul, a operação ocorreu nas cidades de Porto Alegre, Canoas, Cachoeirinha, Gravataí, Alvorada, Viamão, Tramandaí e Imbé. Já em Santa Catarina, nos bairros Ingleses e Carianos, localizados na cidade de Florianópolis.

Como os nomes dos suspeitos não foram divulgados, o Terra não conseguiu localizar a defesa deles até a última atualização desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações. 

Armas também foram apreendidas
Foto: Divulgação/Polícia Civil

Como funcionava a organização criminosa

Em coletiva de imprensa, o delegado Rafael Liedtke explicou que as investigações tiveram início há onze meses, com a prisão em flagrante de um suspeito, no município de Cachoeirinha (RS). Com ele foi apreendida uma pistola Taurus calibre .9mm e um veículo Mercedes-Benz, avaliado em R$160 mil. 

Após a prisão do suspeito, a polícia identificou uma organização criminosa "muito bem estruturada", especializada nesses crimes. O grupo tinha como base as zonas leste e sul da capital gaúcha, mas ramificações no estado de Santa Catarina.

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Segundo o que foi apurado, um dos líderes da organização, que é braço direito de uma das facções criminosas de maior atuação no Rio Grande do Sul, já esteve preso em presídios da capital, onde exerceu a função de cantineiro e fez diversos contatos com faccionados. Após ser solto, com esses contatos que fez no presídio, reunia outros criminosos, geralmente recolhidos, pra ajudarem na prática do chamado golpe dos nudes.

Segundo a Polícia Civil, o grupo entrava em contato com homens de classe média/alta por meio de perfis falsos de mulheres jovens, em redes sociais, para obter fotografias das vítimas nuas. A partir de então, as lideranças iniciavam uma série de graves extorsões, passando-se inclusive por delegados de polícia do Rio Grande do Sul.

"O esquema era perfeitamente delineado, com vasto material que auxiliava na ilusão das vítimas e que era transmitido entre os criminosos. Para a produção do material, os investigados inclusive aliciavam adolescentes, que mandavam fotografias, áudios e vídeos sob remuneração e até mesmo sob ameaças", disse Liedtke.

A segunda etapa do esquema era a receptação do produto das extorsões por pessoas também aliciadas pela organização. Essas, posteriormente distribuíam o dinheiro entre laranjas, remunerados pelo grupo criminoso, até que o dinheiro voltasse para os responsáveis pelas extorsões.

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Ainda de acordo com o delegado, os valores retornavam para os líderes, sustentando luxos deles e de seus familiares, e também eram distribuídos para outros criminosos, em sua maioria presos e que usavam do dinheiro para obterem regalias nas cantinas dos estabelecimentos prisionais. Além de todos esses crimes, parte do lucro da organização criminosa era usada para o tráfico de drogas e de armas.

Entenda o golpe dos nudes

Segundo a PC-RS, o "golpe dos nudes" consiste, inicialmente, em um primeiro contato com uma possível vítima, ou por uma rede social ou pelo aplicativo WhatsApp, onde uma pessoa jovem e bonita instiga a vítima a trocar mensagens de cunho sexual e fotos íntimas.

Na sequência, outra pessoa se apresenta como pai da jovem, dizendo que a filha é menor de idade e a conduta da vítima se amolda ao crime de pedofilia. Para não denunciar, isto é, para não levar o fato ao conhecimento de um delegado de polícia e acarretando na prisão da vítima, o suposto pai exige depósitos em dinheiro.

Suspeitos mandavam vídeos em funerária para vítimas fingindo que suposta jovem que enviou fotos se matou
Foto: Divulgação/Polícia Civil

Na maioria das vezes, após o recebimento de valores, o suspeito continua exigindo dinheiro, dizendo que haverá a necessidade de submeter sua filha a tratamento psicológico ou, ainda, exigindo o depósito de valores, como em um dos casos analisados pela investigação, para o enterro da adolescente que, em razão dos graves danos psicológicos sofridos teria atentado contra a própria vida.

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"É bastante comum também, nesses casos, a presença de uma quarta pessoa envolvida, que se apresenta como policial, muitas vezes com fotos e nomes reais retirados das redes sociais, dizendo que está sendo registrada uma ocorrência e que será expedido mandado de prisão contra a vítima, a deixando desesperada e fazendo com que deposite mais dinheiro aos golpistas", acrescenta a polícia.

Fonte: Redação Terra
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