A Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro colocou em treinamento os 980 policias das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) que atuam no Complexo do Alemão. Em 45 dias, eles também vão passar por uma avaliação psicológica. A formação começou dia 1º de abril pela unidade que fica no Morro do Alemão, próxima à casa de Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, atingido na última quinta-feira (2) com um tiro no crânio.
As informações sobre o treinamento foram dadas hoje (9) pelo Comandante Geral da PM, coronel Alberto Pinheiro Neto, em entrevista à imprensa. Ele explicou que a corporação identificou “áreas de turbulência” entre as UPPs e investirá no treinamento para recuperar a confiança dos policiais e da população, abaladas com os últimos acontecimentos no complexo. Na semana passada, cinco pessoas morreram e uma ficou ferida durante trocas de tiros entre policiais e bandidos.
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“Observamos um desequilíbrio do processo de pacificação em algumas áreas. Importante que a gente tenha em mente que, o processo de pacificação, em qualquer lugar do mundo onde ocorra, é um processo em maturação, em construção”, justificou o coronel. “O crime é um fato social, entender a pacificação como estanque [do crime] é um grande equívoco”.
Após o treinamento e avaliação médica de 320 policiais da UPP do Morro do Alemão, será a vez dos agentes das unidades da Fazendinha e Nova Brasília, que também ficam no complexo.
Com as medidas, a polícia espera que os policiais se sintam mas seguros para atuar na área e, por consequência, recuperem também a confiança da população. “A proximidade em ambientes conflagrados e com medo fragiliza também o policial. O policial vive sob estresse e as reações não são as melhores”, explicou o comandante do Estado Maior da PM, Robson Rodrigues. Ele disse que as instalações das unidades também estão sendo reestruturadas no complexo.
No curso de formação, além de táticas de autoproteção, haverá um módulo sobre gestão do erro. “Seres humanos cometem erros. O importante é identificar o erro, identificar as janelas de oportunidade de erro e trabalhar para diminuir a possibilidade de erro”, disse Pinheiro.
Durante a entrevista, o comandante PM voltou a lamentar a morte do menino Eduardo e classificou o ocorrido como uma “tragédia terrível”. A Polícia Civil e a Corregedoria da Polícia Militar investigam o caso, cujo suspeito do disparo é um policial. A corporação tem 30 dias, que podem ser prorrogados, para apresentar uma análise das mortes no complexo.
A Polícia Militar negou que tenha sido decretado toque de recolher nas favelas do Alemão a partir das 21h e divulgar o telefone da Ouvidoria das UPPs: 2334-7599.