Após determinação da Justiça do Amazonas, os 20 presos transferidos para a Unidade Prisional de Itacoatiara (UPI), na região metropolitana da capital do estado, retornaram hoje (10) para a Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, em Manaus. A transferência ocorre no mesmo dia em que integrantes da Força Nacional de Segurança chegaram ao estado para auxiliar na crise do sistema penitenciário.
Os presos foram transferidos ontem (9), após pedido da Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM). A Defensoria argumentou que os detentos corriam risco de morte na cadeia pública, onde na madrugada de domingo (8), morreram quatro homens em conflito entre internos. Contudo, logo após a transferência, a juíza de Execuções Penais de Itacoatiara, Dinah Câmara, determinou o retorno dos detentos à cadeia municipal.
Durante entrevista coletiva na tarde dessa terça-feira, o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes, justificou o retorno dos presos à cadeia pública com o argumento de que há maior aparato de segurança na unidade de Manaus. "A gente avaliou que a ida para Itacoatiara foi uma tentativa de levar para um local que poderia fornecer segurança. Mas, depois, vimos que isso poderia trazer mais conflitos para o local [Itacoatiara]", disse. "O problema todo é que ninguém está aceitando esses presos para não ter mais confusão e, já que não dá para fornecer segurança para esses 20 presos lá, é melhor que eles estejam aqui conosco", acrescentou.
Fontes disse ainda que os 99 integrantes da Força Nacional que desembarcaram nessa terça-feira em Manaus ajudarão a reforçar a segurança, podendo dar apoio às barreiras, ajudar na recaptura de fugitivos, escolta e guarda de presos. "Com esse aporte nós vamos conseguir liberar os policiais que estão lá [nas unidades prisionais] para ajudar no esforço de recaptura [dos fugitivos] e controle da criminalidade na cidade", disse.
Ainda de acordo com o secretário, a tropa da Força Nacional auxiliará no controle dos presídios do estado, entre eles o Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, onde uma fuga em massa e um confronto entre facções deixou 56 mortos entre os dias 1º e 2 de janeiro. Os agentes também auxiliarão na segurança da Unidade Prisional do Puraquequara (UPP) e no Instituto Penal Antonio Trindade (Ipat), que também registraram mortes de detentos. As rebeliões em penitenciárias do Amazonas resultaram na morte de 64 presos. Fontes disse que os peritos já conseguiram identificar os corpos de 63 deles.
Vistoria
A Polícia Militar, com apoio do Exército, realizou uma vistoria na ala do regime semiaberto do Compaj na manhã de hoje. Foram encontrados 76 estoques (ferros pontiguados), 72 barras de ferro, 31 carregadores de celular, 20 munições, 25 lanternas, dois rádios transmissores, seis celulares, duas balanças de precisão, nove pen drives, quatro porções de entorpecentes e diversas ferramentas como machados, chaves de fenda, serrotes, tesouras e alicates.
De acordo com Fontes, até o momento 70 presos foram recapturados. O secretrário afirmou que foram os detentos do regime semiaberto que auxiliaram os do regime fechado a fugir e a matar outros internos. "Temos que apurar. Teoricamente, os do semi aberto entraram para o [regime] fechado e os do fechado passaram para lá para fugir", disse. "Esse é um problema que temos que enfrentar para o futuro. Aquele semiaberto não pode mais estar ali, ele propicia instrumentos para ações como essa que aconteceu no dia 1º", acrescentou.
*colaborou Alex Rodrigues