A Polícia Civil do Rio Grande do Sul apresentou à Justiça um vídeo do caso Bernardo no qual o menino pede socorro após dizer ter sido agredido pela madrasta Graciele Ugulini, com a conivência do pai. O menino grita “socorro”, diz ter sido agredido e ainda é ameaçado pela mulher de seu pai.
“Tu não sabe o que eu sou capaz de fazer, tu não sabe, eu não tenho nada a perder, tu não sabe do que eu sou capaz, eu prefiro apodrecer na cadeia do que ficar em casa contigo incomodando”, disse Graciele ao menino durante uma briga.
“Tu me agrediu”, diz Bernardo, para logo em seguida Graciele responder, “vou te agredir mais, da próxima vez que tu falar de mim”. Na conversa, o pai diz apenas “ninguém merece ser xingado”. A gravação foi obtida pela perícia que recuperou arquivos que haviam sido apagados do celular do casal.
Na terça-feira começou a audiência de instrução do caso na cidade de Três Passos. Apenas as testemunhas de acusação foram ouvidas. A primeira pessoa a falar foi a delegada Caroline Bamberg, responsável pelas investigações, e falou por quase cinco horas. Ao chegar ao fórum ela falou da existência do vídeo “revelador”.
Após o vazamento da gravação a defesa de Leandro Boldrini entrou com um pedido para impedir a divulgação das informações, que ainda não analisado pelo tribunal.
Segundo a delegada, existe ainda uma outra gravação que mostra Bernardo dopado após ingerir um medicamento. Ambas as gravações foram anexadas ao processo na semana passada. A delegada foi a primeira testemunha de acusação a falar e depôs por quatro horas.
Das 11 testemunhas que prestariam depoimento, apenas quatro foram ouvidas, os outros sete depoimentos serão tomados no começo de setembro, em data ainda não confirmada.
O pai do menino e a madrasta foram dispensados da audiência desta semana porque não seriam interrogados. Edelvânia Wirganovicz que, segundo a polícia, ajudou a madrasta a matar e esconder o corpo compareceu à audiência.
O caso
Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, desapareceu no dia 4 de abril, em Três Passos, depois de – segundo a versão da família - dizer ao pai que passaria o fim de semana na casa de um amigo.
O corpo do garoto foi encontrado no dia 14 de abril, em Frederico Westphalen, dentro de um saco plástico e enterrado às margens do rio Mico. Na mesma noite, o pai, o médico Leandro Boldrini, a madrasta Graciele Ugulini, e a assistente social Edelvânia Wirganovicz foram presos pela suspeita de envolvimento no crime.
Segundo a Polícia Civil, o menino foi dopado antes de ser morto.