‘Provar o que pessoas têm dito há anos’, diz especialista sobre vídeos de violência policial

Jornalista comentou sobre os casos recentes de violência policial em São Paulo no programa 'Terra Agora', nesta quinta, 5

5 dez 2024 - 20h15
(atualizado às 20h44)
Foto: Reprodução/Terra Agora

Um homem é jogado de uma ponte por um policial militar em meio a uma abordagem. Uma idosa é agredida com socos por PMs e fica ensanguentada. Um homem é morto com 11 tiros nas costas por um policial militar ao furtar produtos de limpeza em um mercado. Esses são alguns dos casos recentes de violência policial em São Paulo que tiveram ampla repercussão – e todos foram registrados em vídeo. Para a jornalista Cecília Olliveira, que atua na área de Segurança Pública, “essas imagens têm sido muito importantes para poder provar o que pessoas têm dito há muitos anos”.

A co-fundadora do The Intercept Brasil, diretora-fundadora do Instituto Fogo Cruzado e diretora da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Cecília Olliveira, foi entrevistada no programa Terra Agora, nesta quinta-feira, 5.

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Sobre os registros em vídeo de situações de violência policial, seja de câmeras corporais nos agentes ou de gravações feitas por cidadãos, Cecília considera ser uma prova que não deixa margens para contestações. 

Se o morador chegasse e falasse ‘Eu vi que o policial jogou o homem pela ponte’ e que não tivesse essa imagem, [autoridades poderiam] falar que ‘Não, você tá maluco. Lógico que não. Os policiais são treinados dentro da legalidade, isso jamais seria feito’. Mas agora a gente tem as imagens e mostra que foi feito”, pontua. Dessa forma, é possível responsabilizar as pessoas que têm uma conduta “absolutamente reprovável”, complementa.

Cecília explica que a palavra de um policial tem um grande peso em julgamentos, devido a uma regra jurídica. “A gente sabe também que o peso da palavra de uma pessoa que mora em uma favela, que não tem concurso superior, é uma palavra que, infelizmente, é levada menos em consideração. Então, essas afirmações já eram feitas há muitos anos. O que a gente tem visto agora é que essas pessoas continuam falando, mas agora elas conseguem mostrar o que elas já afirmavam”.

Casos de violência policial

O policial militar Luan Felipe Alves Pereira jogou um homem de uma ponte em São Paulo, na madrugada de segunda-feira, 2, durante uma abordagem. A situação foi gravada, teve ampla repercussão e culminou na prisão do soldado nesta quinta. A medida atendeu a um pedido da Corregedoria da Polícia Militar.

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Nas imagens que registraram a abordagem, três PMs estão em uma ponte no bairro Cidade Ademar, quando um quarto policial aparece trazendo um homem, que aparenta já estar contido pela abordagem dos profissionais. Em seguida, o policial pega o homem no colo e o joga pela ponte.

O soldado Luan Pereira foi detido na sede da Corregedoria após o Tribunal de Justiça Militar acatar o pedido de prisão enviado na quarta-feira, 4. Em seguida, ele deve ser encaminhado para o Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte da capital paulista, após realizar exames no IML.

PM é flagrado arremessando homem de cima de ponte em São Paulo
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Já na terça-feira, dia 3, outro caso chocou. O de Gabriel Renan da Silva Soares, de 26 anos, que foi morto com 11 tiros nas costas pelo policial militar Vinicius de Lima Britto, de 24 anos, em frente a um mercado na zona sul de São Paulo. Imagens mostram Gabriel tentando fugir de um estabelecimento com produtos de limpeza na mão.

Em seguida, ele é alvejado pelo PM, que estava de folga e fazia compras no local. Antes da repercussão do vídeo, Vinicius alegou legítima defesa. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo afirmou que ele foi afastado e que o caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

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Vídeo mostra PM atirando em homem negro pelas costas
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Nesta quarta-feira, 4, uma idosa de 63 anos e sua família foram agredidos por policiais militares em Barueri, na Grande São Paulo. A vítima ficou com o rosto ensanguentado após a abordagem dos agentes em sua casa, no Jardim Regina Alice, enquanto seu filho foi imobilizado com um golpe de 'mata-leão'. A ação foi registrada em vídeo por testemunhas. A Corregedoria da Polícia Militar afastou das atividades operacionais os 12 agentes envolvidos na abordagem com agressões.

A confusão teria começado quando o neto da idosa estava na frente de casa com uma moto. Durante a abordagem, os policiais constataram que o veículo estava com o licenciamento atrasado e informaram que seria apreendido. O filho dela, pai do jovem, teria pedido aos agentes para retirar os pertences da moto antes da apreensão, o que, segundo relatos de testemunhas à polícia, teria levado os militares a se exaltar. Já os PMs afirmam que foram xingados por eles.

As imagens registradas mostram os policiais entrando na garagem da idosa e agredindo as pessoas presentes, incluindo ela, que aparece com o rosto ensanguentado. Em determinado momento, o vídeo também flagra um policial empurrando e chutando a idosa, além de puxando pela gola do casaco.

Idosa é agredida por PM em SP e fica com rosto ferido
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Fonte: Redação Terra
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