O Psol anunciou nesta quarta-feira que irá protocolar no Ministério Público uma representação contra a apresentadora do telejornal SBT Brasil, Rachel Sheherazade, por supostamente “incitar” os crimes de tortura e linchamento. A apresentadora se pronunciou favorável à ação dos responsáveis por prender um rapaz com três passagens pela polícia por roubo e furto em um poste, no bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro.
De acordo com o líder do Psol, deputado Ivan Valente (SP), a jornalista e o SBT fizeram incitação ao crime, à tortura e ao linchamento. “Em pleno meio de comunicação, em horário nobre, foi feita a apologia de crime. Essa jornalista simplesmente disse que tem razão os vingadores que fizeram justiça com as próprias mãos, em torturar, porque a polícia para ela está desmoralizada, a Justiça não opera e é necessário voltar ao velho oeste e fazer justiça com as próprias mãos”, afirmou o parlamentar.
O deputado afirmou também que é a favor da liberdade de imprensa, mas que esta não pode ser desculpa para práticas abusivas. “Defendo total liberdade de imprensa, mas não a liberdade para mandar torturar, matar, assassinar e fazer justiça com as próprias mãos e ser anticonstitucional, ilegal e aplaudida, para quê? Atrás do ‘ibope’, atrás do medo da população, da marginalidade, atrás daquilo que não se investe em saúde, em educação, em mobilidade urbana, em resposta à pobreza que está aí?”, disse.
Agressão a jovem gera polêmica
A agressão ao rapaz ganhou as redes sociais depois de ser denunciada pela artista plástica Yvonne Bezerra de Melo, fundadora do projeto Uerê, que atende crianças e adolescente carentes no Complexo da Maré. Yvonne postou no Facebook uma foto do adolescente logo após a agressão.
Além de ser preso ao poste com uma trava de bicicleta, o jovem chegou a ter parte da orelha arrancada. Ele foi socorrido e levado ao hospital municipal Miguel Couto pelos bombeiros, que precisaram usar um maçarico para libertar o rapaz.
Por conta do episódio, 14 jovens foram detidos por policiais militares na madrugada de terça-feira. Eles são suspeitos de ser integrantes de um grupo identificado como “justiceiros do Flamengo”. De acordo com a polícia, a suspeita é de que eles ataquem com tacos de beisebol, paus e pedras suspeitos de praticarem roubos na região.
Segundo a Polícia Civil, os 14 jovens, entre eles um adolescente, foram encaminhados para a 9ª DP (Catete), onde negaram participação no crime, assinaram um termo circunstanciado e, em seguida, foram liberados. Os rapazes respondem por crime de formação de bando ou quadrilha, tentativa de lesão corporal e corrupção de menores.