O empresário Antonio Vinícius Lopes Gritzbach foi morto a tiros no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, nesta sexta-feira, 8. Ele foi executado no Terminal 2, de voos domésticos por volta das 16h10. Viníciu foi apontado como delator de uma investigação sobre lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC). Há relatos de que havia um prêmio de R$ 3 milhões pela sua morte.
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Segundo informações do Estadão, Gritzbach fechou um acordo de delação premiada, homologado pela Justiça em abril.
Ele negociava com o Ministério Público de São Paulo há, pelo menos, dois anos, e já havia prestado seis depoimentos. Na delação, ele falou sobre o envolvimento do PCC com o futebol e o mercado imobiliário.
A investigação sobre a morte dele ficará a cargo do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Ao Terra, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) confirmou o homicídio e que as circunstâncias estão sendo investigadas.
Dois suspeitos já foram detidos, mas a ligação com o atentado ainda é apurada pela polícia. Entre os bandidos, dizia-se que havia um prêmio de R$ 3 milhões pela cabeça do delator.
O empresário voltava de viagem com a namorada quando foi alvejado, mas não há informações sobre se a mulher foi ferida. Três seguranças aguardavam o casal no aeroporto, que seriam policiais militares que faziam bico como seguranças do delator.
Morte encomendada
Na delação, Gritzbach falou sobre o envolvimento do PCC, a maior organização criminosa do País, com o futebol e o mercado imobiliário. Ele também deu informações sobre os assassinatos de líderes da facção, como Cara Preta e Django, mencionando a corrupção policial e suspeita de pagamento de propina na investigação da morte de Cara Preta.
Conforme o portal Metrópoles, em dezembro de 2023, Vinícius havia sido alvo de um suposto atentado na sacada do apartamento em que morava na zona leste da capital paulista.
Segundo o MP, ele teria mandado matar dois integrantes do PCC: Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, e Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, motorista de Anselmo. Ele negava envolvimento com as mortes.
Vinícius ficou preso até 7 de junho de 2023, quando ganhou liberdade condicional e passou a usar tornozeleira eletrônica.
Em junho deste ano, a polícia foi mobilizada para atender a um suposto sequestro do empresário. O DHPP foi acionado após a esposa de Vinícius e os dois seguranças dele ligarem para o advogado de defesa, informando que houve uma movimentação suspeita, de um carro para outro.
Ao dar seu depoimento, Gritzbach demonstrou nervosismo. O teor do depoimento não foi revelado, e o caso segue sendo investigado.
Empresa
Gritzbach atuou na Porte Engenharia e Urbanismo como "corretor de imóveis entre 2014 e 2018", de acordo com a empresa. Ele afirmou ter conhecido membros da facção criminosa devido ao trabalho, por meio de um corretor de imóveis.
A Porte é investigada pelo Ministério Público Estadual (MPE), por suspeita de ter vendido mais de uma dezena de imóveis para traficantes de drogas, segundo a delação. Gritzbach também afirmou que executivos da construtora sabiam do pagamento de imóveis em dinheiro em espécie e também de registros de bens cujo nome do verdadeiro proprietário ficava oculto, segundo o Estadão. À reportagem, a Porte diz que "não é investigada pelo Ministério Público".
"A Porte jamais tolerou qualquer atividade ilícita de qualquer colaborador e se dispôs a oferecer auxílio documental às autoridades competentes sobre as ações do ex-corretor no período em que atuou na empresa", informou em nota.