Região do massacre de Suzano era tranquila, dizem moradores

Além das vítimas fatais e feridos, os atiradores abalaram a sensação de segurança do local

14 mar 2019 - 09h00
Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Além de matarem oito pessoas e deixarem feridas outras 11, os atiradores Guilherme Taucci Monteiro, 17 anos, e Luís Henrique de Castro, 25, causaram outro dano: a sensação de segurança dos moradores do entorno da Escola Estadual Professor Raul Brasil, local do massacre de Suzano, ficou abalada.

Apesar de haver nos arredores da escola algumas casas protegidas com arame farpado, a grande maioria das pessoas com as quais o Terra conversou na tarde desta terça-feira (13) nos entornos do local afirmou se tratar de uma região tranquila para os padrões brasileiros.

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O aposentado Horácio Ferreira, 68 anos, conhece o local há décadas. Em 1957 estudou naquela mesma escola. Hoje, mora a cerca de 50 metros do colégio.

Ele contou à reportagem que às vezes há briga de adolescentes ou consumo de drogas por ali, mas nada que não seja comum nas regiões metropolitanas do Brasil. Naquele dia, circulou bastante pelo lugar. “Só escutei os tiros e vim correndo”.

A escola é muito querida na cidade. Considerada uma das melhores de Suzano, suas vagas são concorridas. Há alunos que se deslocam de longe para estudar lá. O local também abriga um curso de idiomas.

Estudam lá 1.058 alunos, contando o ensino regular e de o de idiomas. São 30 classes, distribuídas em 17 salas durante diferentes horários. Tem laboratórios de química, física, informática e biologia. Trabalham lá 63 professores.

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O fato de ser uma instituição antiga e ter educado muitos habitantes da região aprofunda a ferida coletiva deixada pelo massacre.

Everinaldo Santos, de 41 anos, observava o movimento próximo ao isolamento da polícia. “É difícil ter alguma coisa aqui”, conta ele, que mora a cerca de 200 metros da escola. 

“Ouvi os disparos [foram cerca de 15, apurou a reportagem], e depois vi a molecada correndo”, diz o comerciante Reginaldo Pereira de Lima, 63 anos. Ele tem uma loja de tintas e outros produtos para publicidade em uma rua contígua à escola.

“Mais de meia dúzia” de estudantes, segundo ele, se esconderam em sua loja. Ele mandou todo mundo correr – “vai que o cara sai na rua”. Ele também saiu, e baixou as portas do estabelecimento.

Não mora na região, mas tem sua loja ali desde 2011. Até agora, disse, não teve problemas de segurança. Do balcão de seu negócio, costuma ver os estudantes na rua. “O pessoal que sai cedo do curso de línguas, todo mundo feliz. É um negócio cruel, né, rapaz?”, diz pensativo.

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Carlos Aparecido de Souza, 62 anos, trabalhou em duas obras próximas à Raul Brasil até dois anos atrás. Também estudou na escola, até a quinta série. Ele disse ao Terra que não sabia de tiros disparados naquela região. “Nunca vi isso na minha vida”.

O massacre

Os dois atiradores, segundo o governo estadual, atiraram no dono de uma locadora de veículos em sua loja – Jorge Antônio Moraes (51 anos), que morreu no hospital. Ele era tio de Guilherme, um dos atiradores.

Depois, entraram na escola pela porta. Mataram a professora coordenadora Marilena Ferreira Vieira Umezo (59 anos) e a agente escolar Eliana Regina de Oliveira Chavier (38 anos).

Em seguida, avançaram sobre os estudantes. Caio Oliveira (15 anos), Claiton Antonio Ribeiro (17 anos), Douglas Murilo Celestino (16 anos), Kaio Lucas da Costa Limeira (15 anos) e Samuel Melquíades Silva Oliveira (16 anos) morreram. Douglas chegou a ser socorrido.

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Ficaram feridos Adna Isabella Bezerra de Paula (16 anos), Anderson Carrilho de Brito (15 anos), Beatriz Gonçalves Fernandes (15 anos), Guilherme Ramos do Amaral (14 anos), Jenifer da Silva Cavalcante (idade não divulgada), José Vitor Ramos Lemos (idade não divulgada), Leonardo Martinez Santos (idade não divulgada), Leonardo Vinícius Santa Rosa (20 anos), Letícia de Melo Nunes (idade não divulgada), Murillo Gomes Louro Benites (15 anos) e Samuel Silva Félix (14 anos).

Guilherme Taucci Monteiro (17 anos) portarava a única arma de fogo usada no ataque quando se deparou com a polícia. Teria matado Luís Henrique de Castro (25), seu comparsa no atentado, e em seguida cometido suicídio.

Além de uma arma calibre 38 com numeração raspada, eles tinham uma besta, um arco com flecha e um machado, sem contar explosivos falsos.

Ambos estudaram na escola, sendo que Guilherme deixou de frequentar as aulas no ano passado. A motivação do ataque ainda não está clara.

Fonte: Redação Terra
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