Rio: delegado ouve policiais militares sobre caso Amarildo

5 ago 2013 - 16h33
(atualizado às 16h40)
<p>Manifestantes na capital paulista protestam contra o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza no Rio de Janeiro</p>
Manifestantes na capital paulista protestam contra o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza no Rio de Janeiro
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

Nove policiais militares lotados na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha estão prestando depoimento nesta segunda-feira na sede da Divisão de Homicídios, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. Os PMs chegaram por volta das 10h30, em uma van da UPP, e não conversaram com a imprensa. O delegado Rivaldo Barbosa, encarregado de esclarecer o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, disse que não há prazo para o término dos depoimentos.

Uma das principais questões envolve o depoimento do PM Juliano da Silva Guimarães, lotado na UPP. Ele disse que um tio, motorista de um caminhão de lixo na comunidade, teria levado um corpo para o depósito localizado no bairro do Caju. O delegado Rivaldo deixou a delegacia por volta das 15h30 e não quis gravar entrevista, dizendo que voltaria em seguida. Limitou-se a dizer, que "o caso do gari foi resolvido ontem", sem explicar o que isso poderia significar.

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Amarildo sumiu no dia 14 de julho, após ser levado por policiais militares para a UPP, a fim de prestar esclarecimentos. O comandante da unidade, major Edson dos Santos, garantiu que o pedreiro deixou a base caminhando e depois não foi mais visto. O sumiço do pedreiro ganhou notoriedade depois de virar tema das manifestações de rua, no Rio e em outras capitais, com a frase "Cadê Amarildo?" estampada em faixas e cartazes.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

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A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Agência Brasil
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