Acontece nesta quinta-feira o julgamento de mais quatro policiais militares do Rio de Janeiro acusados da morte da juíza Patrícia Acioli, morta em agosto de 2011 no bairro de Piratininga, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Serão julgados os policiais militares Charles Azevedo Tavares, Alex Ribeiro Pereira, Sammy dos Santos Quintanilha Cardoso e Handerson Lents Henrique da Silva. O julgamento no Tribunal do Júri de Niterói estava marcado para começar às 8h, mas, até às 9h45, não havia começado, segundo a assessoria de imprensa do tribunal.
Policiais no crime: quando a polícia vira o criminoso
No último júri do caso, o tenente-coronel da Polícia Militar Cláudio Luiz Silva Oliveira, que comandava o 7º Batalhão da Polícia Militar (São Gonçalo) na época do crime, foi condenado a 36 anos de prisão pelos crimes de homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, mediante emboscada e para assegurar a impunidade de outros crimes) e quadrilha armada, em regime fechado.
No total, sete pessoas já foram condenadas pelo assassinato da juíza. Os outros seis receberam penas que variaram de 19 anos e seis meses a 36 anos de prisão: Carlos Adílio Maciel dos Santos, Jefferson de Araújo Miranda, Jovanis Falcão, Junior Cezar de Medeiros, Sergio Costa Junior e Daniel dos Santos Benitez Lopes.
Patrícia, 47 anos, era juíza titular da 4ª Vara Criminal da Comarca de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, quando foi morta na porta de casa. Ela atuou em vários processos em que policiais militares eram acusados de envolvimento com supostos autos de resistência (casos em que civis são mortos em supostos confrontos com a polícia). A magistrada recebeu 21 tiros e, segundo testemunhas, foi atacada por homens em duas motos e dois carros.
O Ministério Público fez a denúncia contra os policiais militares com base em inquérito da polícia do Rio que afirma que o tenente-coronel Cláudio Luiz Oliveira comandava quadrilha de PMs que arrecadava entre R$ 10 mil e R$ 12 mil por semana por meio de delitos como espólio de guerra e vantagens cobradas de traficantes.
Patrícia já havia sofrido várias ameaças e foi responsável pela prisão de quatro policiais acusados de participar de um grupo de extermínio, em setembro de 2010. Segundo o MP, o tenente-coronel Claudio Luiz Silva Oliveira e o tenente Daniel dos Santos Benitez Lopes é que teriam planejado matá-la, pois ela vinha mandando investigar PMs acusados de matar pessoas e classificar a morte delas como autos de resistência. Lopes cogitou contratar uma milícia para executar o crime, mas, segundo o MP, acabou fazendo isso com a ajuda de outros policiais.
O MP afirma que o ex-comandante tentou coordenar a defesa da quadrilha presa após a morte de Patrícia. Ele teria contratado uma advogada para os policiais e chegou a visitá-los na carceragem, pedindo para que sua visita não fosse registrada. Segundo o Ministério Público, Claudio Luiz Silva Oliveira também tentou manter os PMs juntos na mesma carceragem para dificultar a confissão.
De acordo com o MP, Claudio Luiz Silva de Oliveira usava o Grupo de Ações Táticas (GAT) do 7º Batalhão para realizar incursões em favelas e recolher dinheiro por meio dos chamados espólios de guerra e de extorsão de traficantes. O grupo é acusado de cometer execuções e registrar os casos como autos de resistência.