O adolescente de 15 anos que foi torturado e preso pelo pescoço em um poste do Aterro do Flamengo na última sexta-feira estava desde sábado em um abrigo da prefeitura, conforme informou o jornal O Estado de S. Paulo. O jovem, que já conhecia a diretora da unidade, aguardou a funcionária voltar de férias, ontem, para então narrar a sua versão sobre o episódio. Após conversar com a diretora, o adolescente prestou depoimento à Polícia Civil e foi encaminhado para outro abrigo, que não foi divulgado.
Para a delegada da 9ª DP, no Catete, o jovem afirmou ser capaz de reconhecer a maioria dos agressores que o espancaram. Porém, ao ver fotos dos 14 rapazes detidos na segunda-feira sob acusação de agredir dois jovens no Aterro, a vítima afirmou não reconhecer nenhum deles.
O jovem disse, no entanto, que já viu alguns de seus agressores fazendo exercícios em uma academia de musculação ao ar livre no Aterro. Para a diretora da unidade, o adolescente contou que estava com três amigos na avenida Rui Barbosa, quando foi abordado por cerca de 30 pessoas em 15 motos. O quarteto tentou fugir, mas o jovem e outro menino parara ao ver um dos homens armados com uma pistola 9mm.
Moradores viram o jovem sendo agredido e avisaram a coordenadora da ONG Uerê, Yvonne Bezerra de Mello, e ela acionou os bombeiros. Ontem, Ivonne disse estar sendo ameaçada e ofendida pelas redes sociais.
Também pela internet, um morador do Flamengo de 22 anos admitiu em depoimento "patrulhar o Aterro em busca de autores de delitos. Segundo ele, esse seria seu "novo esporte": "caçar vagabundo roubando para meter porrada". Pelo Twitter, Lucas Correia Pinto Felício afirmou que estava com "vontade de comprar uma arma e dar 'tic tac' nesses vagabundos todos".
Felício é um dos detidos na segunda sob a acusação de tentar agredir dois jovens e que, em depoimento à polícia, confirmaram ter marcado um encontro pelo Facebook para fazer a "patrulha".