RJ: após caso Amarildo, polícia estuda criar delegacia de desaparecidos

6 nov 2013 - 22h26
(atualizado às 22h38)

A Polícia Civil do Rio de Janeiro vai estudar a implantação de uma delegacia especializada em pessoas desaparecidas. Em 30 dias, o órgão apresentará um documento sobre a viabilidade da medida, feita com base no modelo adotado em Belo Horizonte.

A informação é do presidente da organização Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, que participou de uma reunião com a Chefe de Polícia Civil, delegada Martha Rocha, com a participação da organização não governamental (ONG) Meu Rio e de Jovita Belfort, mãe de Priscila Belfort, desaparecida desde 2004.

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De acordo com Costa, os números são "assombrosos", com 3,6 mil casos de janeiro a julho deste ano e 36 mil pessoas desaparecidas apenas no atual governo, segundo os registros oficiais. "É muito trabalho e isso (a criação da delegacia especializada) representaria uma resposta da Secretaria de Segurança, em especial da Polícia Civil, ao escândalo do Amarildo, de um cidadão que desapareceu, e um desaparecimento envolvendo agentes do Estado", disse.

Segundo ele, a conversa com a delegada Martha Rocha sobre a criação da delegacia foi positiva. "A chefe da polícia prometeu a nós que daqui a exatamente um mês ela vai dar uma resposta final. E enviará, na semana que vem, à Delegacia Especializada de Localização de Pessoas Desaparecidas, de Belo Horizonte, uma comissão para estudar e ver a possibilidade de trazer esse modelo de delegacia aqui para o Rio de Janeiro. É uma grande vitória da sociedade se isso acontecer."

Dona Jovita declarou que iniciou uma campanha para a criação da delegacia de desaparecidos há três semanas, em conjunto com a ONG Meu Rio. De acordo com ela, o modelo de Belo Horizonte foi adotado em Santa Catarina e em Vitória. "Em Belo Horizonte, eles têm uma estatística e sabem quantos casos são. E, no final do ano tem praticamente 80% dos casos resolvidos, seja por homicídio, seja trazendo de volta para a família, que é o mais importante, que é resolver, elucidar", disse.

Ela lembra que, desde o caso Tim Lopes, em 2002, apenas esse caso foi resolvido. Agora, surge nova esperança "A gente está saindo daqui muito feliz, com esperança, porque a doutora Martha Rocha definiu um prazo, definiu uma estratégia para dar uma resposta. Então eu estou muito esperançosa porque eu acredito que a resposta só pode ser positiva, porque caso é o que não falta aqui para resolver."

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Em nota, a Polícia Civil confirmou que um grupo de delegados irá a Belo Horizonte na próxima semana, visitar a Delegacia Especializada de Localização de Pessoas Desaparecidas. 'O objetivo será conhecer o trabalho da unidade. A delegada vai solicitar ainda à Assessoria de Planejamento da instituição um estudo de viabilidade para a criação de uma delegacia especializada em desaparecidos no Rio', diz a nota.

O sumiço de Amarildo

Amarildo sumiu depois de ser levado por PMs para a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na comunidade. O ex-comandante da unidade sustentou que o pedreiro foi ouvido e liberado, mas nunca apareceram provas que mostrassem Amarildo saindo da UPP, pois as câem frente à UPP. E eles ainda não contavam que uma outra câmera, mais para o fim da escada, estava em pleno funcionamento e não registrou a passagem do pedreiro como eles alegavam", completou ainda a promotora do Gaeco. 

Os dez primeiros PMs denunciados e já presos negam participação no crime. O corpo de Amarildo segue com paradeiro desconhecido - no último dia 27 de setembro, uma ossada foi localizada no município de Resende, no sul do Estado do Rio de Janeiro. A necrópsia realizada, no entanto, não foi esclarecedora e um novo exame será realizado a fim de concluir o relatório para definir se trata-se, ou não, do ajudante de pedreiro morador da Rocinha. 

Agência Brasil
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