A 9ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal (PIP), da 3ª Central de Inquéritos, oferecerá denúncia, nesta terça-feira (13/01), contra o policial militar Márcio José Watterlor, pela morte da Haíssa Vargas Motta, de 22 anos. A informação é do Ministério Público (MP) do Rio de Janeiro, segundo o qual o policial será denunciado pelo crime de homicídio doloso.
A jovem foi assassinada em agosto do ano passado, em Nilópolis, na Baixada Fluminense. A ação policial que terminou na morte de Haíssa Vargas Motta, de 22 anos, durante uma abordagem policial, veio a público no último fim de semana, a partir da divulgação de um vídeo gravado pela câmera do carro da PM usado pelos policiais militares envolvidos na ação.
O vídeo foi divulgado no site da revista Veja, decorridos cerca de cinco meses da morte de Haíssa. A Polícia Civil, ao comentar o caso, disse que os policiais envolvidos com a morte da jovem foram afastados de suas funções após o ocorrido e já respondem a Inquérito Policial Militar aberto pelo comando da corporação à época do ocorrido e que está em fase de conclusão.
As imagens que revelaram as circunstâncias da morte da jovem foram analisadas nesta segunda-feira (12) pelo especialista em segurança, Paulo Storani, que já foi capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope), em entrevista à Agência Brasil disse que na ação os policiais desobedeceram todos os protocolos estabelecidos pela Polícia Militar (PM), no que se refere à técnica de abordagem de veículos.
Para o especialista, no momento em que o policial decidiu fazer a abordagem, baseado em uma fundada suspeita, ele poderia tomar uma decisão naquela circunstância e abordar o veículo, mas essa fundada suspeita teria que ser baseada em um conhecimento técnico e na própria experiência do policial. A partir daí, ele deveria desencadear uma série de ações.
"Primeiro ele teria que comunicar ao Centro de Operações da polícia a sua decisão de abordar, em que circunstância, qual era o veículo e a placa. Nesse momento a instituição estaria ciente do tipo de abordagem que estava sendo feita. Esse procedimento foi totalmente desconsiderado. Em um segundo momento eles tinham que dar ciência aos integrantes do veículo que estava sendo abordado, de que eles deveriam parar, o que não foi feito", explicou Storani.
Na avaliação do especialista, os policiais descumpriram as normas da Polícia Militar que tratam das situações de abordagem e, por isso, devem responder pela morte da jovem. Ele criticou a corporação por não fiscalizar adequadamente as ações dos seus comandados. "Essa prática destoada de toda a teoria, de todas as técnicas estabelecidas, significa uma falta de acompanhamento por parte do administrador, do gestor, do comandante desses policias. O controle de desempenho é fundamental", disse.