O PM suspeito de ter assassinado o menino Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, no Complexo do Alemão no último dia 2, não compareceu à Divisão de Homicídios (DH) da Polícia Civil, onde era esperado nesta quinta-feira. A corporação contou ao O Globo que o soldado, que está se submetendo a tratamento psiquiátrico, alegou estar "muito abalado". A ausência teria irritado os investigadores.
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De acordo com o jornal, Rafael Abreu Calheiros, advogado do PM, disse que não vê necessidade de um novo depoimento de seu cliente, que já prestou outros dois. Ele reclamou também de não ter acesso ao inquérito da DH e ameaçou pedir a anulação de todo o processo. Alexandre Herdy, delegado da DH, respondeu que recebeu o pedido de Calheiros e garantiu que ele será atendido em até cinco dias.
Oito PMs já foram afastados
Na última terça-feira, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro confirmou a informação de que um total de oito policiais militares foram afastados do trabalho por tempo indeterminado para a investigação sobre a morte do menino Eduardo, assassinado com um tiro na cabeça na quinta (2) . Ele foi baleado na cabeça, na frente de casa, durante operação policial no complexo de favelas do Alemão, na zona norte da capital.
De acordo com a assessoria de imprensa das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs), dois destes policiais pertenciam ao regimento da UPP Nova Brasília e são os que confessaram terem disparado (não na vítima) durante a ação contra o tráfico organizado na região. Os outros seis são do Batalhão de Choque, estavam no local, mas participam na condição de testemunhas.
Esse foi um pedido da Delegacia de Homicídios (DH) a fim de que os policiais não atrapalhem as investigações. De acordo com o delegado titular da DH, Rivaldo Barbosa, que se reuniu com um grupo de moradores do Alemão, um total de 16 pessoas já foram ouvidas na investigação – sendo que 11 são policiais. As armas usadas na operação já foram apreendidas para perícia e uma reconstituição será feita pela Polícia Civil.
O intuito é de aproximação com os líderes locais a fim de se ter um maior número de informações sobre o caso. De acordo com a família de Jesus Ferreira, foram policiais que atingiram o menino com o tiro fatal – os PMs, no entanto, alegam que atiravam em traficantes locais.
Também na terça-feira, teve início o processo de reocupação do conjunto de favelas do Alemão com cerca de 300 homens do Batalhão de Choque e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e de Batalhão de Ações com Cães. Este processo é de prazo indeterminado.