RJ: suspeito de portar explosivo que feriu cinegrafista se apresenta à polícia

Em entrevista, o jovem que se identificou como Fábio assumiu que passou o rojão para outro manifestante, mas que "quer o bem do repórter em coma"

8 fev 2014 - 10h55
(atualizado às 12h45)
Câmera flagra ação de suspeitos de jogar artefato que atingiu cinegrafista da Band
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Um homem suspeito de portar o explosivo que feriu com gravidade o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, no protesto contra o aumento de tarifas no Rio de Janeiro na quinta-feira, se apresentou à polícia na madrugada deste sábado. Segundo declarações do delegado Maurício Luciano, da 17ª DP, à Globo News, o homem foi identificado por uma imagem gravada pela equipe da TV Brasil no dia do protesto.

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"A TV divulgou imagens desse crime e pudemos ver que existiam duas pessoas atuando em conjunto: um deles é o suspeito foi visto de calça Jeans e o outro elemento só foi flagrado pela equipe da TV Brasil, que é o suspeito que tem uma tatuagem e aparece de bermuda preta. Esse indivíduo resolveu se apresentar para dizer que não tinha nenhum envolvimento com o crime”, disse o delegado.

As imagens mostram o homem de bermuda preta entregando o explosivo para o segundo suspeito, que o acendeu segundos antes do incidente que terminou vitimando o cinegrafista. “No nosso entendimento, os dois são culpados pelo crime e vão responder pelo porte de explosivo e tentativa de homicídio. O depoimento dele, dizendo que não teve participação, não nos convenceu”, afirmou.

“Ele disse que não conhecia o segundo elemento e que não sabia que o explosivo iria deflagrar. Ele disse ainda que encontrou o explosivo no chão e ficou portando ele durante toda a manifestação e que o segundo homem é que teria colocado o artefato no chão, próximo ao Santiago, e acendido o pavio”, completou o policial.

Vídeo mostra socorro a cinegrafista da rede Bandeirantes ferido em protesto
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Segundo a polícia, o artefato utilizado pela dupla é muito comum nas manifestações, tanto que o esquadrão antibombas já apreendeu várias bombas semelhantes em outros protestos. “O problema é que esse artefato, com grande poder explosivo, é vendido livremente como fogo de artificio. É preciso rever a legislação, para que esse artefato não chegue às mãos dos criminosos", comentou o delegado.

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A polícia informou que o próximo passo da investigação será analisar outras imagens para tentar identificar o segundo suspeito. O delegado disse que analisa o depoimento do jovem com cuidado.

"Ele nega que conheça esse segundo elemento, mas o eu não acho  coincidência que ambos estejam vestindo camisa cinza. O que leva a crer é que fazem parte de algum grupo, que fazem parte do Black Bloc, mas que usam vestimenta diferente para afastar as suspeitas", disse.

O suspeito se apresentou acompanhado por um advogado e, após o depoimento, foi liberado pela polícia. Segundo o delegado, as “providências necessárias” serão tomadas.

Pressão para se entregar

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Após o depoimento, o manifestante deu uma entrevista à Globo News e confirmou as informações repassadas à polícia. Ele se identificou como Fábio Raposo e afirmou, entre outras coisas, que vem recebendo ligações de desconhecidos pedindo para que ele assuma o crime.

“Meu nome é Fábio. Eu estava ontem na manifestação contra o aumento das passagens. Sim, era eu. As fotos que foram apresentadas nas mídias era eu sim. Eu era o de camisa, bermuda e tênis, com as tatuagens. Era eu passando o artefato para o outro indivíduo, mas o artefato não era meu, quero deixar isso bem claro. Logo que eu cheguei, houve tum corre-corre e eu fui até lá para ver o que tinha acontecido e estava tendo um confronto entre manifestantes e alguns policiais militares”, disse o rapaz.

Confusão, quebradeira, bombas: câmeras flagram tumulto durante protesto no Rio
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Fábio, que é tatuador, diz que foi nesse momento de confusão que ele viu a bomba caída no chão, e a pegou. “Nesse corre-corre, eu vi que um rapaz correndo deixou uma bomba cair. Uma bomba, não sei o que é, um negócio preto assim. Eu peguei e fiquei com ela na mão. Este outro cara veio e falou para mim: ‘Passa aí para mim que eu vou e jogo’. Eu peguei e passei para ele. Foi só isso mesmo. Eu em momento algum vou para as manifestações para quebrar as coisas e bater em policial, jogar pedra”, falou.

O homem citado por ele é o segundo elemento investigado pela polícia, que acabou acendendo o artefato que atingiu o repórter cinematográfico.

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“Só estou vindo aqui mesmo porque estou assustado demais. A minha foto foi divulgada até em mídias internacionais. Já recebi ligações de pessoas desconhecidas, não sei se são grupos ou o que são, pedindo para eu assumir o caso e falar que fui eu, tentando me obrigar. É isso. Não fui eu mesmo. Eu quero o bem do repórter que está em coma, a família dele, tudo. Não sei o que falar, mas é isso. Melhoras, cara”, disse, lamentando o ocorrido.

Raposo garante que não viu nem o rosto do rapaz que recebeu o explosivo. "Ele era um cara alto, chamava bastante atenção. Ele estava com uma camisa na cara, preta. Ele chamava bastante atenção, mas não tenho ideia de quem seja. Eu fui sozinho na manifestação(...). Acredito que ele não tenha feito por mal. Acredito que foi um acaso de ele estar filmando, os cinegrafistas ficam no meio do fogo cruzado", afirmou.

"Eu estou torcendo para ele (cinegrafista) sair dessa, foi algo surreal, que não deve acontecer nunca, não pode acontecer mais. Os repórteres devem se respeitados. Eles têm o direito de estar ali, como os manifestantes também têm. Acho que le vai sair dessa, torço para ele sair dessa", completou.

O cinegrafista da Band continua internado em estado grave no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do hospital Souza Aguiar. No dia em que foi ferido, ele passou por uma neurocirugia de emergência.

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Fonte: Terra
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