A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira, uma das maiores operações dos últimos anos. Desde a manhã, cerca de 300 policiais cumprem 193 mandados judiciais em Rondônia, Acre, Amazonas, Bahia, Goiás, Pará, Rio de Janeiro, São Paulo, Sergipe e Distrito Federal. A ação tenta desarticular uma quadrilha (formada por lobistas e agentes públicos) que teria direcionado licitações e desviado mais de R$ 57 milhões da verba pública de Rondônia. Suspeito de envolvimento, o governador do Estado, Confúcio Moura, foi levado de forma coercitiva do condomínio onde mora na capital Porto Velho para prestar depoimento.
De acordo com informações da PF, as investigações da chamada Operação Platéias começaram em 2012 e apuraram que empresas interessadas em participar de processos licitatórios do governo do Estado precisavam doar dinheiro para campanhas eleitorais. Em seguida, a licitação era direcionada para ser vencida pelas companhias que faziam parte do esquema.
Foram encontradas irregularidades em contratos das oito secretarias estaduais (Saúde, Justiça, Educação, Desenvolvimento Ambiental, Agricultura, Desenvolvimento Ambiental, Assistência Social, Obras e Serviços Públicos) e da Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia (CAERD). Os contratos sob suspeita superam R$ 290 milhões.
Ainda segundo a Polícia Federal, foram verificados também pagamentos indevidos a agentes públicos, sendo que os investigados criaram até mesmo um “fundo de propina” que chegava a movimentar R$ 2 milhões por mês.
Primeiras prisões
O cunhado de Confúcio, Francisco Assis, considerado o homem forte de seu governo, está entre os presos. Também esteve na sede da Superintendência da PF o secretário de turismo Júlio Olivar. De acordo com informações do Ministério Público rondoniense, essa nova operação teve início após a prisão de peças chaves do governo, como o ex-secretário de saúde José Batista, na operação Termópilas, em 2011.
Batista foi beneficiado com a chamada “delação premiada” e contou em depoimento como o esquema funcionava. O GAECO, Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, aliado do MP, descobriu que o grupo criminoso superfaturava contratos para aumentar o valor da propina. Segundo estimativas oficiais, a movimentação criminosa pode passar de R$ 1 bilhão.