Roger Abdelmassih afirma que fez sexo com pacientes

Afirmação foi feita em escuta gravada com autorização da Justiça no período em que o ex-médico estava foragido no Paraguai

13 out 2014 - 07h52
<p>Abdelmassih foi preso em agosto, no Paraguai</p>
Abdelmassih foi preso em agosto, no Paraguai
Foto: Senad / Divulgação

Em conversas secretas gravadas pela Justiça, o ex-médico Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos de prisão por 48 crimes sexuais cometidos contra 37 de suas pacientes, confessou que manteve relações sexuais em seu consultório. Os diálogos de Roger com amigos foram gravados no período em que ele esteve foragido no Paraguai, onde foi preso em 19 de agosto deste ano, e divulgados neste domingo pelo Fantástico.

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Em umas das conversas, o ex-médico disse que era procurado pelas pacientes e negou que tenha cometido algum estupro. "Passava mulher para trás constantemente, provavelmente achava que tava tudo disponível. A mulher jogava o milho e eu ia comer e aí eu levei o ferro. Você sabe que mulher é um bicho desgraçado mesmo", disse.

“Toda essa história negativa contra minha pessoa e essas vagabundas aparecendo na televisão, dizendo que eu fazia isso, fazia aquilo”, completou Abdelmassih. Procurada pelo Fantástico, Vanuzia Leite Lopes,  da associação das vítimas de Roger, demonstrou indignação ao ficar sabendo do teor das conversas. “(Ficamos) Indignadas. Revoltadas.  É muito difícil, porque nós fomos expostas, né? Vai ser um estigma pelo resto da vida. Eu tô indignada de ouvir ele falar essas coisas depois de tudo que eu passei.”

Rede de ajuda

Quando estava foragido no Paraguai, Roger Abdelmassih se correspondia com uma rede de amigos que o ajudava a se manter no exterior, enviando dinheiro com frequência. Em uma das conversas, ele dizia que vivia com medo.  “Viver desse jeito é uma coisa muito complicada. Medo permanente (...). Quando você tem muito dinheiro, você... eu tenho medo”, disse.

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São mais de 7 horas de gravações autorizadas pela Justiça entre junho e agosto. Durante esse tempo, Roger troco de telefone várias vezes. Segundo o Ministério Público, uma das pessoas que ajudaram o foragido foi Ruy Marco Antonio, ex-dono do Hospital São Luiz.

“Eu iria chegar para você e falar assim: pô ruy, te pago, mas continue me ajudando por mais um ano. Eu te pago uma parte e a outra parte, se eu tiver adiantamento, eu te pago logo, assim, tipo março, abril. Me sobra em 2015, pelo valor que eu vou receber, 900 (mil), quiçá R$ 1 milhão. Você me desculpe, mas isso nos tempos antigos era brincadeira”, disse Roger Abdelmassih.

Na conversa entre os dois, Roger comenta os abusos relatados pelas pacientes e ganha respaldo de Ruy. “Essa história toda que aconteceu aí, foi um absurdo”, disse Abdelmassih. “Isso é plantado por aquelas filhas da p... daquele grupo”, respondeu Ruy. As agressões às vítimas continuam e Abdelmassih as chamam de “doentes mentais” e “loucas”.

Em outra conversa com Ruy Marco Antonio, o ex-médico debocha do valor da recompensa oferecida pela Justiça. “Ainda bem que não deram R$ 50 mil, deram só R$ 10 mil. Eu tô valento dão pouco, pô. Pensei que fosse por R$ 50 (mil)”

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Procurado pelo Fantástico, o advogado de Ruy Marco Antônio disse que seu cliente não iria se pronunciar.

Irmã

A Justiça gravou ainda uma conversa de Roger Abdelmassih com sua irmã, na qual ele fala das denúncias sofridas. “Tiveram trinta denúncias, quinze era só contra mim. Quinze é um pouco demais para o meu gosto”, disse.

Na conversa, ele cita um suposto contato dentro da Secretaria de Segurança Pública. “O nosso amigo aqui da Segurança, será que ele não tem condições de ver? Alguma ideia, alguma coisa concreta, aonde estão essas denúncias. (...) Se existe alguma situação de bola na trave ou chute por perto. Deus me livre”, falou

Segundo a corregedoria da Polícia Civil, há uma investigação para averiguar se há a participação de policias na rede de proteção a Roger. A defesa de Roger Abdelmassih  foi procurada e não quis se pronunciar.

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Fonte: Terra
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