RS: "Graciele assassinou um filho meu", diz pai de Bernardo

8 jun 2014 - 08h42
(atualizado às 08h50)
<p>Pai e madrasta foram presos por suspeita de envolvimento na morte de Bernardo</p>
Pai e madrasta foram presos por suspeita de envolvimento na morte de Bernardo
Foto: Facebook / Reprodução

O cirugião Leandro Boldrini, 39 anos, continua negando qualquer participação na morte do próprio filho, Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos. Em entrevista ao jornal Zero Hora, na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), ele disse que jamais perdoará a mulher, Graciele Ugulini, acusada de assassinar Bernardo. “Espero que a Graciele seja honesta pelo menos uma vez na vida e assuma essa bronca toda”, disse.

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“Eu não tolero mentira, e a primeira coisa que aflorou nela foi essa questão da mentira. Outra coisa: planejou, executou, assassinou um filho meu, isso é uma coisa que jamais eu perdoaria ela, não tem perdão aqui na terra”, completou Leandro.

“Não tenho nenhum envolvimento (no crime). A última imagem que tenho dele é daquela sexta-feira (4 de abril, dia do crime) em que ele estava feliz porque ia ganhar uma televisão. Essa TV, provavelmente, tinha sido prometida para ele pela Graciele. Achei que as coisas estavam melhorando depois daquela entrevista com o juiz e a promotora para ver a questão do Bernardo. Pensei: as coisas estão melhorando, o guri está faceiro, a coisa está se desenvolvendo de uma maneira para dar certo. Era o que eu queria, que todo mundo esperava, que o Bernardo... O que ele foi pedir lá foi mais carinho, mais atenção, enfim, isso aí estava dando resultado prático”, falou Leandro.

Questionado sobre os elementos que o colocam como um dos participantes do crime, como a receita assinada por ele com midazolam – medicamento encontrado no corpo do menino - prescrito em nome de Edelvânia Wirganovicz, outra acusada de participação na morte de Bernardo, Leandro responde dizendo que foi roubado. “Essa receita foi roubada do meu consultório, não foi preenchida por mim, não conheço essa Edelvânia, nunca atendi ela, nunca prescrevi medicação midazolam para ela”, falou, alegando que já deixou receitas assinadas, mas para pessoas específicas.

Relação com Bernardo

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O cirurgião avaliou o seu papel como pai e disse que sempre foi uma pessoa sobrecarregada pelo trabalho. “O fator trabalho excessivo foi uma coisa que preponderou muito. E isso cansa, cansa (...). Como pai eu me considero uma pessoa que queria o melhor, que o Bernardo tivesse uma personalidade que levasse ele a ser alguém na vida, uma personalidade construtiva. A questão de carinho, eu dava do meu jeito, que sei dar. E essa questão do desleixo é uma interpretação errada. Você trabalha demais, tinha atenção para dar para a esposa, para a filha pequena, para o Bernardo. Hoje, avaliando isso, vejo que é impossível de fazer, de conciliar, eu tentei fazer, mas acabou dando problema. Eu funcionava como um moderador, acalmando a Graciele, acalmando o Bernardo. Parecia que eu ficava apartando o incêndio que estava por acontecer”, disse.

Apesar do clima tenso em casa, Leandro alega que nunca viu perigo em Graciele. Sobre a própria personalidade – já que foi definido muitas vezes como uma pessoa fria -, Leandro ressaltou que esse é o “seu jeito”. 

“Aconteceu uma tragédia, e hoje eu culpo a minha personalidade, meu jeito de ser. Mas isso (o jeito de ser) é uma coisa que não depende de mim, é o meu ser, meu estado de ser que produz isso em mim e aí as pessoas interpretam isso como nocivo (...). Sou uma pessoa que realmente não consegue expressar bem os sentimentos, uma pessoa com autocontrole, muito contundente. É uma coisa que me prejudica não conseguir expressar uma emoção. Na profissão eu tive um condicionamento, sempre lidando entre a vida e a morte. Como o que eu fazia a maior parte do tempo era lidar com essas situações adversas, isso acaba te condicionando a ter esse autocontrole”, completou.

O caso

Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, desapareceu no dia 4 de abril, em Três Passos, depois de – segundo a versão da família - dizer ao pai que passaria o fim de semana na casa de um amigo.

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O corpo do garoto foi encontrado no dia 14 de abril, em Frederico Westphalen, dentro de um saco plástico e enterrado às margens do rio Mico. Na mesma noite, o pai, o médico Leandro Boldrini, a madrasta Graciele Ugulini, e a assistente social Edelvânia Wirganovicz foram presos pela suspeita de envolvimento no crime.

Segundo a Polícia Civil, o menino foi dopado antes de ser morto, possivelmente com uma injeção letal.

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Fonte: Terra
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