A Polícia Federal e a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) fazem nesta terça-feira uma ação conjunta no Rio Grande do Sul para combater uma fraude no pagamento de seguro-desemprego. O foco da operação, batizada de Canudos, são dois escritórios de contabilidade, estabelecidos em Novo Hamburgo, no Vale dos Sinos, apontados como responsáveis por um prejuízo de R$ 3 milhões aos cofres públicos.
Desde o início da manhã, 80 policiais federais acompanhados de auditores fiscais e servidores da SRTE cumprem seis mandados de prisão e três de busca e apreensão. Também são cumpridas 17 ordens judiciais de condução coercitiva (quando as pessoas são obrigadas a ir à delegacia prestar depoimentos) de empresários.
A investigação começou em dezembro do ano passado depois que informações da Seção de Fiscalização do Trabalho e Emprego apontaram o prejuízo causado pelos dois escritórios no período entre 2012 e 2013. A fraude era feita a partir da inserção de dados falsos no sistema Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego. Os escritórios incluíam contratações e demissões fictícias de trabalhadores para empresas clientes, gerando o pagamento de seguro-desemprego. Muitas das empresas nem sabiam da prática criminosa e foram vítimas dos grupos.
De acordo com a Polícia Federal, em um dos casos investigados, um pintor de obra foi cadastrado no sistema Caged como empregado de uma fábrica de sorvetes. Sem nunca ter trabalhado de fato, o pintor foi "demitido" sem justa causa, gerando quatro pagamentos de R$ 1,2 mil de seguro-desemprego. O escritório responsável pela fraude recebeu uma parcela do benefício como pagamento.
Os investigados irão responder por organização criminosa e estelionato em detrimento de entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência. No período investigado, foram gerados cerca de 600 benefícios fraudulentos. Os beneficiários também responderão a inquérito policial.