Viviane Beatriz Casagrande, 35 anos, afirmou que desde o primeiro minuto desconfiou da mulher que sequestrou a sua filha recém-nascida da maternidade do Hospital Santa Clara - no Complexo Santa Casa - em Porto Alegre (RS). "Vi que ela não tinha jeito de enfermeira, apesar de se vestir como uma. Ela disse que levaria minha filha para um procedimento. Quando perguntei qual, ela saiu depressa. Aí chamei os funcionários. Me desesperei", contou. Ela não descarta que Luciana Soareas de Brito, 39 anos, tenha planejado levar o seu bebê. "É possível que ela tenha escolhido a criança de forma aleatória. Mas vão ter de me provar que não foi complô. Ainda tenho a impressão de que ela planejou tudo, talvez para ganhar dinheiro passando o bebê adiante, Deus me livre... Tomara que eu esteja errada, mas ela pode ter se fingido de louca", disse a mãe da pequena Bárbara. As informações foram publicadas no jornal Zero Hora.
Enquanto tenta desvendar o que está por trás da ação de Luciana – se foi movida por transtorno mental ou visando a interesses financeiros, envolvendo uma eventual venda do bebê –, a Polícia Civil questiona falhas na segurança do hospital e na atuação da Brigada Militar (BM). Gravações flagraram o momento em que a mulher se encaminhava para o portão, com o bebê no colo, acompanhada por uma funcionária durante o trajeto até perto da saída. Em depoimento, a funcionária alegou que Luciana dizia que não era para tocar nela, que havia ido a uma consulta e que pegaria os documentos da recém-nascida com o marido, que a estaria esperando no carro. Com isso, saiu do hospital sem ser impedida pelos funcionários. "Todos os dias, recebo casos de seguranças de supermercado que trazem aqui pessoas que pegaram um pacote de bala de goma. E a segurança do hospital não reteve uma pessoa suspeita que levava uma criança sem documentos", ressalta o delegado Hilton Müller Rodrigues.
O delegado questionou ainda a atuação da Brigada Militar no caso. O sequestro foi informado pelo hospital pelo 190 às 16h50 de terça-feira. Segundo Müller, o policial militar que recebeu o chamado e registrou o caso como “rapto de uma criança” não teria difundido a ocorrência para os demais órgãos de segurança, entre os quais, a Polícia Civil. Por causa disso, a polícia só soube do caso e começou o trabalho de buscas cerca de uma hora e meia depois do sequestro. A suposta falha de comunicação está sendo apurada pela Secretaria de Segurança Pública (SSP).