O Ministério Público deflagrou, na manhã desta segunda-feira, a operação Kommunication, que desarticulou uma quadrilha que ordenava execuções e outros crimes de dentro da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), considerada a unidade mais segura do Estado do Rio Grande do Sul. Cerca de R$ 300 mil eram movimentados semanalmente pelos criminosos, que ainda pediam para ouvir pelo celular as execuções ordenadas.
"Nas galerias, o 4G 'bomba' na Pasc. Na administração não funciona celular”, contou o promotor Ricardo Herbstrith, da Especializada Criminal de Porto Alegre, responsável pelas investigações, explicando como as coisas funcionam no presídio. “Era muito fácil. Chegava a ter entrada de 20, 25 telefones por vez na penitenciária, que é a mais segura que temos no Estado, que tem scanner, raio-x, detector de metal. Qualquer um que vai passar por lá tem que passar por tudo isso”, completou, inconformado com o que viu.
Os criminosos pertencem a uma quadrilha conhecida como Manos, gangue atuante na região metropolitana, que já atingiu a maturidade de uma verdadeira facção criminosa, inspirada no Primeiro Comando da Capital (PCC), com aproximadamente 450 integrantes, segundo apurou a investigação.
“A investigação é consequência de uma investigação anterior que tivemos no Presídio Central de Porto Alegre, com apreensão de drogas”, explicou o promotor, dizendo ainda que alguns dos presos foram transferidos da cidade com a desocupação parcial do presídio. Nesta segunda-feira, dez homens foram detidos, sendo que cinco já cumpriam pena na Pasc e outros cinco estavam em liberdade.
“Me chama atenção a naturalidade com que eles ordenam mortes, com que traficam armas, com que tentam 'tomar de assalto' o morro Santa Marta, em São Leopoldo. É impressionante. As ordens de execuções, frias e tranquilas, são em um nível assustador”, afirmou Herbstrith.