O secretário de Estado da Casa Civil e de Relações Institucionais do Governo de Minas Gerais, Marco Antônio de Rezende Teixeira, é o alvo da nova etapa da Operação Acrônimo. Foi expedido contra ele um mandado de condução coercitiva e seu depoimento está previsto para esta sexta-feira, mas familiares disseram aos policiais que ele não está em Belo Horizonte.
A operação Acrônimo investiga um esquema de lavagem de dinheiro e pagamento de propinas a funcionários públicos. O governador Fernando Pimentel (PT) seria um dos favorecidos pelos desvios.
Agentes da Polícia Federal estiveram no início da manhã na casa do secretário. O escritório da construtora OAS, em Brasília, também recebeu a visita dos policiais federais. O secretário não foi encontrado
Investigadores desconfiam que o governador seja o dono de uma empresa de consultoria e beneficiário de recursos recebidos por ela. Em 25 de junho de 2015, a PF encontrou notas fiscais de pagamentos à MOP. Os documentos estavam numa sala alugada pelo governador para funcionar como seu escritório político em BH.
Marco Antônio de Rezende Teixeira e o presidente da Companhia de Tecnologia da Informação de Minas (Prodemge), Paulo de Moura, são os fundadores da MOP.
A operação Acrônimo apura fraudes em licitações no Ministério da Saúde e no Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES). Na Saúde a investigação busca apurar como foi feita a licitação que culminou com a contratação de uma gráfica para a produção de material institucional do ministério. Foi a partir dessas investigações que a polícia chegou a Marco Antônio.
Já no BNDES a suspeita é de que funcionários públicos receberam dinheiro para facilitar o financiamento de projetos financiados pelo banco no exterior. República Dominicana Angola, Cuba, Panamá, Gana e México estão entre os países que receberiam obras realizadas por construtoras brasileiras. Um dos empreendimentos que mais recebeu dinheiro é o Porto de Mariel, em Cuba. Contratos de US$ 682 milhões foram assinados entre os governos de Lula e Dilma.
Personagem central da operação, o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira, o “Bené” foi preso em 2015 no aeroporto de Brasília com R$ 110 mil escondidos em malas. O valor seria parte da propina obtida com o esquema fraudulento.
Bené assinou um acordo de delação premiada em troca de redução de pena. O empresário é apontado como “braço direito” do governador no esquema
Na 8ª fase da operação, deflagrada no dia 15 de setembro a PF cumpriu 20 mandados judiciais determinados pela 10ª Vara Federal do Distrito Federal, sendo 11 conduções coercitivas e nove mandados de busca e apreensão nos estados de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, além do Distrito Federal. No mesmo dia o ministro Herman Benjamim, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou o indiciamento de Pimentel e Marcelo Odebrecht. Bené afirmou à Justiça que o então candidato a governador pediu entre R$ 20 e R$ 25 milhões à Odebrecht. O pagamento, no entanto, teria sido de “apenas” R$ 12 milhões.
Em nota, a defesa do governador minimizou o indiciamento e disse que não há consequência, por se tratar de um ato de convencimento da autoridade policial. Sobre a atuação do STF, a defesa de Pimentel afirmou que a “maioria esmagadora" já manifestou a impossibilidade de a PF indiciar o governador.
"Mas isso não inibe quem quer antecipar culpa, a todo custo. Chega a ser risível a 'coincidência' que vai se repetindo a cada dia em que se designa novas datas para o prosseguimento do julgamento dos recursos da defesa no STJ. Sempre vem uma nova operação ou novo indiciamento. Estamos aguardando o julgamento de nossas questões de ordem que demonstrarão as absolutas ilegalidades dessa operação e da colaboração premiada. Nessa, trocou-se um pacote de crimes de toda espécie por um ano de domiciliar. Violação da primeira à última letra da Lei", completa o posicionamento dos advogados do governador.