O secretário nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Mario Sarrubbo, disse que viu com entusiasmo a mudança de postura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em relação ao uso de câmeras corporais por agentes da Polícia Militar.
Em meio a casos recentes de violência policial, Tarcísio admitiu na quinta-feira, 5, estar "completamente errado" com relação às críticas que fez ao uso do equipamento e se comprometeu a ampliar e fortalecer o programa.
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"Eu vejo com entusiasmo, é muito bom que o governador tenha entendido a importância das câmeras em termos de valorização do policial, de preservação da vida do cidadão, do próprio policial [...] E eu quero crer que o programa de câmeras será de fundamental importância para que a gente veja a diminuição da letalidade policial, que está muito alta em São Paulo, em especial no estado de São Paulo", afirmou Sarrubbo em entrevista à CBN nesta sexta-feira, 6.
Para o secretário, também é importante que a "ideologia na segurança pública fique de lado". "Segurança pública está fora do campo ideológico, ela tem que ficar fora, nós temos que valorizar o policial, nós temos que profissionalizar nossas forças policiais porque a eficiência na segurança pública passa muito distante da violência. Uma segurança pública eficiente é uma segurança pública em que a violência é o último estágio."
Sarrubbo ainda pontuou que o Estado não pode se igualar ao criminoso. "No fundo do fundo, o que a gente precisa é que o Estado não se equipare ao criminoso nesse combate, o Estado tem que estar bem acima do criminoso, o Estado tem que agir através da lei, de acordo com a lei. Quando o Estado incentiva a violência, o Estado está se equiparando ao criminoso, e nós não podemos fazer isso", disse.
Mudança de postura de Tarcísio
Em entrevista à CBN na quinta, o governador admitiu estar errado sobre às críticas que fez ao uso das câmeras corporais por policiais militares e disse que hoje está absolutamente convencido que é um instrumento de proteção da sociedade e do policial.
"Nós vamos não só manter o programa, mas ampliar o programa. Eu admito, estava errado. Eu me enganei. Não tem problema nenhum de chegar aqui e dizer para vocês que eu me enganei, que eu estava errado, que eu tinha uma visão equivocada sobre a importância das câmeras", afirmou.
O governador também disse que a série de abusos da Polícia Militar apontam algo de errado na corporação. "São coisas que chocam, acho que todo mundo choca, vocês chocam, a gente também. A gente fica extremamente chateado com isso, extremamente triste. Agora, o que nós temos que fazer? Olhar para frente e ver como é que a gente vai atuar para entender que essas coisas acontecem", destacou.
Essa foi a primeira vez que Tarcísio falou com a imprensa desde o caso do policial militar Luan Felipe Alves Pereira, que jogou um homem de uma ponte, na madrugada de segunda-feira, 2, durante uma abordagem. A situação foi gravada, teve ampla repercussão, e culminou na prisão do soldado nesta quinta. A medida atendeu a um pedido da Corregedoria da Polícia Militar.
Antes, no X, antigo Twitter, o político citou o caso ao dizer que um policial militar que "atira pelas costas" ou "joga uma pessoa da ponte" não está "à altura de usar essa farda".