“Ele está bem, graças a Deus”. Cristiano Félix, 40 anos, atende um telefonema atrás do outro em frente ao Hospital Santa Maria, a poucos quarteirões da escola Raul Brasil. Seu filho estuda no colégio, foi ferido no ataque dos dois atiradores e socorrido nessa unidade de saúde.
“Enquanto não vi o moleque, não me contentei”, disse a um amigo em outra ligação. Minutos antes, sua mãe, avó do garoto baleado, havia ligado. “Minha mãe ficou apavorada. Só vendo para ter certeza que está bem”.
Cristiano já viu seu filho. Samuel Silva Félix, 14 anos, está fora de perigo, mas ainda em choque e internado. Não conseguiu explicar ao pai o que aconteceu na escola.
A bala atirada da arma de calibre 38 de Guilherme Taucci Monteiro ou Luís Henrique de Castro – a polícia diz ainda não saber quem portava arma de fogo – entrou pela região da canela direita e se alojou na panturrilha do estudante. Não se sabe quando será removida e nem quanto tempo será necessário para a recuperação.
A princípio, ele seria transferido para um hospital em Mogi das Cruzes, cidade maior próxima a Suzano. Para alívio do pai, não foi necessário. No Santa Maria é mais fácil visitar o filho.
Segundo o pai, Samuel gosta da Escola Estadual Raul Brasil, onde estuda há dois anos – agora está no primeiro ano do ensino médio. A instituição é considerada das melhores de Suzano.
Além da educação tradicional, Samuel frequenta aulas de francês no CEL (Centro Educacional de Línguas), que funciona nas dependências da escola. Antes, estudou espanhol no mesmo lugar. Dá “uma arranhada” no castellano, segundo Cristiano.
A mãe, Andrea, foi avisada quando Samuel deu entrada e chegou antes do marido. Cristiano ficou sabendo do massacre por colegas na gráfica onde trabalha. Saiu correndo para escola, depois chegou ao hospital.
Por volta das 16h aparentava alguma tranquilidade sentado na mureta do jardim em frente ao Santa Maria. “O pior já passou”, resumiu em outra ligação telefônica.