O Ministério Público Federal (MPF) em Santos ofereceu quatro denúncias contra integrantes de uma organização criminosa especializada no desvio de correspondências bancárias na Baixada Santista e na capital. O grupo, que se apropriava de cartões e boletos para a prática de fraudes, foi desbaratado em novembro, após a deflagração da operação Corrieu. Os 17 denunciados já estão presos preventivamente. Ao todo, 28 pessoas participaram dos crimes, cometidos desde julho do ano passado.
A organização criminosa envolvia uma longa cadeia de delitos, cujo funcionamento seguia uma clara divisão de tarefas entre os integrantes. As correspondências eram desviadas ainda nas unidades dos Correios, com a atuação de carteiros que tinham acesso aos documentos. Eles recolhiam os envelopes bancários e, ao invés de entregá-los aos destinatários, os vendiam aos ramos da quadrilha em operação no litoral e na capital.
Cartões de crédito e de débito eram desbloqueados a partir da pesquisa de dados cadastrais dos clientes. Ao descobrirem os números de telefone, os criminosos entravam em contato com as vítimas para obterem as senhas, utilizando artifícios que davam credibilidade às ligações. Em São Paulo, as autoridades apreenderam equipamentos de uma central telefônica clandestina instalada unicamente para essa finalidade.
De posse dos cartões e das senhas, os membros da organização criminosa efetuavam compras no Brasil e no exterior e praticavam outros ilícitos. Produtos comprados nos Estados Unidos, por exemplo, eram revendidos pela internet. Estima-se que o bando tenha movimentado de 150 a 300 cartões por semana, o que teria causado prejuízo de cerca de R$ 5 milhões às instituições financeiras somente em 2013.
Outra modalidade de fraude praticada se referia ao desvio de correspondências com boletos bancários. A organização criminosa alterava as informações do código de barras antes que fossem entregues aos clientes, de modo que, ao efetuarem o pagamento, as vítimas na verdade enviavam o dinheiro diretamente para as contas controladas pela organização.
O MPF quer que a Justiça Federal condene os denunciados por peculato, estelionato e formação de organização criminosa. Os envolvidos que ainda não foram presos serão alvo de outras denúncias. O caso tramita em segredo de justiça.