SP: sindicato repudia agressões contra jornalistas em protesto

Entidade pediu às autoridades 'garantia de integridade física e direito à liberdade de imprensa'

14 jun 2013 - 00h21
(atualizado às 00h27)
<p>Manifestantes são detidos e enfileirados na rua da Consolação</p>
Manifestantes são detidos e enfileirados na rua da Consolação
Foto: Bruno Santos / Terra

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo divulgou nota de repúdio contra as agressões sofridas por profissionais pela Polícia MIlitar durante a cobertura do protesto contra o aumento das tarifas do transporte público na capital paulista. "Novas cenas de agressões aos jornalistas foram presenciadas no início da noite desta quinta-feira", diz o texto, citando o jornalista Pinheiro Locateli, da revista CartaCapital, e o fotógrafo do Terra Fernando Borges como "vítimas de violência policial".

A entidade também exigiu a libertação do jornalista Pedro Ribeiro Nogueira, do Portal Aprendiz, "detido arbitrariamente durante os protestos contra o aumento das tarifas do transporte público na noite de terça-feira" e solicitou às autoridades "garantia de integridade física e direito à liberdade de imprensa aos profissionais" que trabalham na cobertura jornalística das manifestações.

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Prevendo novos conflitos, a direção do sindicato informou que enviou ofício à Secretaria de Segurança Pública do Estado, ao Tribunal de Justiça de São Paulo, à Ouvidoria das Polícias de São Paulo, às corregedorias das polícias Civil e Militar, aos comandos da PM e Guarda Civil Metropolitana, ao Palácio dos Bandeirantes e à Assembleia Legislativa, entre outros, "exigindo providências contra as arbitrariedades ocorridas contra os jornalistas".

Leia o documento:

Tendo em vista que muitos jornalistas foram agredidos e detidos por autoridades policiais enquanto realizavam seu trabalho jornalístico, fato ocorrido na última manifestação e amplamente divulgado pela imprensa, solicitamos garantia à integridade física e o direito à Liberdade de Imprensa aos Jornalistas que cobrem o evento para que possam trabalhar sem o “risco” de serem detidos ilegalmente ou constrangidos no exercício da função de informar o cidadão sobre este acontecimento de importância pública relevante.

Conforme assegura a Constituição Federal, a Liberdade de Imprensa e o Direito à Informação são requisitos fundamentais da democracia e dos princípios republicanos que norteiam o Estado brasileiro e o trabalho do jornalista tem por objetivo cobrir e dar publicidade imparcial aos fatos ocorridos.

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Mais agressões

O repórter do Terra Vagner Magalhães também levou um golpe de cacetete de um policial militar enquanto cobria o protesto. O jornalista foi agredido no braço, no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Manifestantes se juntaram no local depois que o protesto e os confrontos com a polícia se amenizaram. Policiais passaram pelo local e foram ironicamente aplaudidos pelo grupo. Diante da provocação, os PMs partiram para cima dos manifestantes.

Próximo da confusão, Vagner alertou os policiais que é repórter e que estava trabalhando no local, mas foi agredido. Os PMs ainda lançaram bombas sobre um grupo de jornalistas que partiu em sua ajuda.

O fotógrafo do Terra Fernando Borges foi detido enquanto cobria a manifestação, ainda nesta tarde. Ele portava crachá de imprensa, equipamento fotográfico de trabalho e se apresentou como jornalista, mas foi levado pelos policiais. Ele passou 40 minutos detido junto com outros manifestantes, de frente para a parede, com as mãos nas costas e a cabeça baixa, mas já foi liberado.

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Os policiais revistaram os pertences e documentos dos detidos, e só liberaram o fotógrafo alegando que ele "não portava vinagre", que é usado como "antídoto caseiro” contra os efeitos da bomba de gás lacrimogêneo. Alguns profissionais de imprensa utilizam o produto para conseguir trabalhar registrando as imagens do protesto .

A repórter do Terra Marina Novaes tentou fugir das bombas lançadas pela polícia e se refugiou na garagem de um prédio próximo à praça Roosevelt, junto de um grupo de outras pessoas. A polícia isolou a área e levou o grupo para o camburão. Retida, ela só foi dispensada depois que se apresentou como jornalista. 

O repórter do jornal Metro, Henrique Beirange, foi atingido por um jato de spray de pimenta, enquanto cobria a manifestação. "Jogaram spray de pimenta de forma aleatória contra os jornalistas. Isso é um absurdo. A gente está aqui trabalhando", protestou. 

O jornal Folha de S.Paulo anunciou que sete repórteres da empresa foram agredidos, sendo que dois levaram tiros de balas de borracha no rosto, durante o protesto. Segundo o veículo, os jornalistas atingidos com tiros são Giuliana Vallone e Fábio Braga.

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Uma imagem que seria da repórter com o olho inchado após o tiro circula nas redes sociais. O jornal também cita uma testemunha que teria visto um policial "mirar e atirar covardemente" na repórter. Segundo a Folha, o fotógrafo Fábio Braga foi atingido por dois disparos.

Fonte: Terra
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