Suspeito de matar Glauco estava em estado psicótico, diz psiquiatra

15 mar 2010 - 16h36
(atualizado às 17h32)

O psiquiatra forense Guido Palombo disse, em entrevista concedida ao Terra TV, que a família de Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, - que confessou ter assassinado o cartunista Glauco Villas Boas e o filho, Raoni -, deveria ter procurado ajuda psiquiátrica."Não deve ter sido a primeira vez que ele entrou nesse estado psicótico grave de loucura desacerbada", disse o médico afirmando que ele deve ser considerado inimputável (irresponsável por seus atos) pela Justiça.

Carlos Eduardo Nunes, 24 anos, foi preso em Foz do Iguaçu (PR)
Carlos Eduardo Nunes, 24 anos, foi preso em Foz do Iguaçu (PR)
Foto: Christian Rizzi/Gazeta do Povo / Futura Press

"As pessoas que estavam no local na hora do crime não conseguiriam evitar que ele cometesse o assassinato, porque, quando uma pessoa está nesse estado, ela age em função de seu delírio", disse.

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Para Palombo, o suspeito deveria ser medicado e encaminhado para tratamento em um manicômio. Para o psiquiatra, por apresentar indícios de comportamento delirante e psicótico na casa dos 20 anos, Carlos Eduardo deveria passar entre 20 e 30 anos em tratamento fechado.

"Já fiz estudos com casos semelhantes e nunca vi alguém voltar ao convívio social antes disso", disse.

Ainda de acordo com especialista, é possível traçar o perfil do suspeito com base nos depoimentos da viúva de Glauco e do próprio suspeito.

"Os exames médicos devem constatar seu estado de lírio, uma vez que o doente mental não esconde os sinas", disse.

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Investigação

O delegado Archimedes Cassão Veras, da Seccional de Osasco (SP), afirmou nesta segunda-feira que Carlos Eduardo Sundfeld Nunes confessou ter assassinado o cartunista e o filho e vai responder por três crimes: duplo homícidio, roubo de um carro (supostamente utilizado na tentativa de fuga) e tentativa de homicídio a um agente da Polícia Federal (PF). Nunes foi preso na noite do domingo em Foz do Iguaçu. A PF afirma que ele trocou tiros com agentes antes de ser rendido.

O delegado afirmou ainda que Felipe de Oliveira Iasi, dono do carro que teria sido usado para transportar o suspeito para a casa de Glauco, não foi ouvido como testemunha, ao contrário do que diz sua defesa. "Isso é argumentação do advogado, ele está sendo averiguado, mas ele não é perigoso, se dispôs e se apresentou", disse Veras.

De acordo com o delegado, a situação de Iasi é diferente da de Cadu, considerado "armado e perigoso". "É um indivíduo violento, não é um indivíduo normal", diz Veras sobre o suspeito.

Entenda o caso

O cartunista e seu filho, Raoni Villas Boas, 25 anos, foram mortos na madrugada de sexta-feira, dia 12 de março, com quatro tiros cada, na residência da família, em Osasco (SP). Os dois chegaram a ser levados para o Hospital Albert Sabin, mas não resistiram aos ferimentos.

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Glauco começou sua trajetória como cartunista nos anos 70, no Diário da Manhã, de Ribeirão Preto (SP). Ele publicou suas tiras também na Folha de S.Paulo e na revista Chiclete com Banana. O cartunista é famoso por ter criado personagens como Geraldão, Casal Neuras, Doy Jorge, Dona Marta e Zé do Apocalipse.

Na casa de Glauco, eram realizados cultos da Igreja Céu de Maria, que segue a filosofia do Santo Daime, prática religiosa cristã, ecumênica, que repudia todas as formas de intolerância religiosa. Os seguidores tomam o chá conhecido por esse nome. Para eles, a bebida amplia a capacidade perceptiva, criativa, cognitiva e de discernimento, elevando a consciência do ser humano.

Fonte: Redação Terra
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