Suspeitos por golpe dos nudes ostentavam vida de luxo na web: "Ganho din deitado"

Alta quantia em dinheiro em espécie e carros luxuosos eram compartilhados nas redes sociais de investigados; 33 suspeitos foram presos

30 mai 2023 - 12h39
(atualizado às 13h19)
Suspeitos por golpe dos nudes ostentavam vida de luxo na web e exibiam armas
Suspeitos por golpe dos nudes ostentavam vida de luxo na web e exibiam armas
Foto: Divulgação/Polícia Civil

Presos pela Polícia Civil em uma operação contra organização criminosa que aplicava o golpe dos nudes em diversos estados do Brasil, os suspeitos de liderarem o esquema ostentavam uma vida de luxo nas redes sociais. Eles exibiam alta quantia de dinheiro - em real e dólar-, carros luxuosos e armas de fogo. 

Em mensagens obtidas na investigação realizada pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul, um dos investigados afirmou: "Vou em 30 cara por dia. Nem tráfico dá tanto din do que eu faço. Ganho din deitado (sic)".

Publicidade

Segundo a Polícia Civil, o grupo entrava em contato com homens de classe média-alta por meio de perfis falsos de mulheres jovens, em redes sociais, para obter fotografias das vítimas nuas. A partir de então, as lideranças iniciavam uma série de graves extorsões, passando-se inclusive por delegados de polícia do Rio Grande do Sul.

Polícia apurou que suspeitos de chefiarem organização criminosa que aplicava golpe dos nudes exibiam vida de luxo
Foto: Divulgação/Polícia Civil

Durante as investigações, também em troca de mensagens obtidas pela polícia ao qual o Terra teve acesso, um suspeito explicou como funcionava todo o equema do golpe. Ele relatou ter até vídeo de uma mulher em delegacia. Neste vídeo, a moça diz ser mãe da suposta jovem e mostra estar fazendo uma denúncia à polícia contra as possíveis vítimas.

Esse suspeito também afirmou que as contas que passava para o depósito ou PIX ser realizado pelas pessoas que caíam no golpe, eram de laranjas. "É toda uma engenharia social", escreveu. 

Na primeira foto, mulher segura certidão de óbito; na segunda, mulher está em delegacia; imagens eram usadas para enganar vítimas
Foto: Divulgação/Polícia Civil

A Polícia Civil também identificou que os criminosos apresentavam falsas certidões de óbitos das supostas jovens, falsos acordos de tratamento psicológico e também tinham vídeos gravados em uma funerária, já que muitas vezes, após o recebimento de valores, continuavam exigindo dinheiro. Eles alegavam que tinha a necessidade de submeter a jovem a tratamento psicológico. 

Publicidade

Em um dos casos analisados pela investigação, eles também exigiam o depósito de valores para o enterro da adolescente afirmando que, em razão dos graves danos psicológicos sofridos, teria atentado contra a própria vida.  

Suspeitos mandavam vídeos em funerária para vítimas fingindo que suposta jovem que enviou fotos se matou
Foto: Divulgação/Polícia Civil

Investigação corre há 11 meses

Em coletiva de imprensa, o delegado Rafael Liedtke explicou que as investigações tiveram início há onze meses, com a prisão em flagrante de um suspeito, no município de Cachoeirinha (RS). Com ele foi apreendida uma pistola Taurus calibre .9mm e um veículo Mercedes-Benz, avaliado em R$160 mil. 

"O esquema era perfeitamente delineado, com vasto material que auxiliava na ilusão das vítimas e que era transmitido entre os criminosos. Para a produção do material, os investigados inclusive aliciavam adolescentes, que mandavam fotografias, áudios e vídeos sob remuneração e até mesmo sob ameaças", disse Liedtke.

Suspeitos por golpe dos nudes ostentavam vida de luxo na web
Foto: Divulgação/Polícia Civil

A segunda etapa do esquema era a receptação do produto das extorsões por pessoas também aliciadas pela organização. Essas, posteriormente distribuíam o dinheiro entre laranjas, remunerados pelo grupo criminoso, até que o dinheiro voltasse para os responsáveis pelas extorsões.

Publicidade

Ainda de acordo com o delegado, os valores retornavam para os líderes, sustentando luxos deles e de seus familiares, e também eram distribuídos para outros criminosos, em sua maioria presos e que usavam do dinheiro para obterem regalias nas cantinas dos estabelecimentos prisionais. Além de todos esses crimes, parte do lucro da organização criminosa era usada para o tráfico de drogas e de armas.

Operação e prisão de suspeitos

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul, com apoio de policiais civis de Santa Catarina, deflagrou nesta segunda-feira, 29, a Operação Cantina, que resultou na prisão de 33 suspeitos de participar do golpe dos nudes. Segundo a PC-RS, a organização criminosa interestadual é investigada pelos crimes de lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, porte ilegal de munições e armas de fogo, extorsões e corrupção de menores.

Além das 33 pessoas presas durante a ação, a polícia também apreendeu veículos, armas de fogo, munições, dinheiro em espécie, entre outros bens. A operação contou com 150 policiais civis dos dois estados e com o apoio aéreo do helicóptero da Polícia Civil gaúcha.

Suspeitos por golpe dos nudes ostentavam grande quantia em dinheiro, em real e dólar
Foto: Divulgação/Polícia Civil

No Rio Grande do Sul, a operação ocorreu nas cidades de Porto Alegre, Canoas, Cachoeirinha, Gravataí, Alvorada, Viamão, Tramandaí e Imbé. Já em Santa Catarina, nos bairros Ingleses e Carianos, localizados na cidade de Florianópolis.

Publicidade

Como os nomes dos suspeitos não foram divulgados, o Terra não conseguiu localizar a defesa deles até a última atualização desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações. 

Fonte: Redação Terra
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações