'Tenho certeza que ele foi torturado', diz mãe de dançarino

Maria de Fátima da Silva compara a morte do filho ao desaparecimento de Amarildo na Rocinha e diz que "UPPs são uma farsa"

23 abr 2014 - 11h39
(atualizado às 12h48)
Maria de Fátima da Silva comparou a morte do filho, o dançarino DG, ao desaparecimento de Amarildo e disse que "UPPs são uma farsa"
Maria de Fátima da Silva comparou a morte do filho, o dançarino DG, ao desaparecimento de Amarildo e disse que "UPPs são uma farsa"
Foto: Daniel Ramalho / Terra

A mãe do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, Maria de Fátima da Silva, disse na manhã desta quarta-feira, na 13ª Delegacia de Polícia em Ipanema, que o filho foi torturado por policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Ela acredita ainda que o local onde o filho foi encontrado – uma creche na comunidade do Pavão-Pavãozinho – foi lavado, porque o corpo estava molhado e não havia chovido na comunidade nas horas que antecederam a descoberta do corpo. Para ela, o filho não morreu vítima de uma queda, como aponta laudo do Instituto Médico Legal (IML).

Laudo do IML mostra as causas da morte do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira
Foto: Daniel Ramalho / Terra

"Tenho certeza de que ele foi torturado", afirmou a mãe do dançarino. Um laudo preliminar da Polícia Civil chegou a dizer que o corpo de Douglas tinha escoriações compatíveis com queda. "Meu filho teve um afundamento da cabeça, o nariz dele estava roxo. Aquilo não foi queda. Por que ele morreu à 1h (de terça-feira) e só descobriram o corpo às 14h?", perguntou Maria de Fátima. Segundo ela, a Polícia Militar usou luvas no local do crime antes mesmo da chegada da perícia.

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Maria de Fátima foi à delegacia prestar depoimento e mostrar o laudo da perícia que contém o atestado de óbito apontando como causa de morte uma "hemorragia interna decorrente de laceração pulmonar decorrente de ferimento transfixante do tórax". A mãe de Douglas suspeita que ele tenha sido morto por policiais da UPP Pavão-Pavãozinho, mas não sabe por qual motivo.

Ela compara a morte do filho ao desaparecimento do pedreiro Amarildo, na Rocinha. "Temo que isso vire um novo caso Amarildo", desabafa. A mãe de Douglas reclama ainda da falta de segurança na comunidade. "A pacificação é uma farsa. As UPPs são uma farsa", disse Maria de Fátima.

A mãe do dançarino falou que gostaria de ficar com uma memória alegre do filho. Disse que ele era uma pessoa muito querida e muito feliz, que vivia brincando com ela. "A memória que vai ficar é do domingo de Páscoa, dele vestido como um coelho rosa distribuindo ovos no programa da Regina Casé", afirmou.

Maria de Fátima agradeceu aos moradores do Pavão-Pavãozinho e do Cantagalo e pelo protesto de ontem, que terminou com uma pessoa morta, objetos incendiados e ruas interditadas. "Eles não são vândalos, só estavam estavam tentando fazer justiça", afirmou ela.

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Fonte: Terra
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