Em depoimento prestado na segunda audiência de instrução sobre o assassinato do menino Bernardo, nesta segunda-feira, na cidade de Três Passos, interior do Rio Grande do Sul, a secretária que trabalhava na clínica do pai da criança, Leandro Boldrini, afirmou que a madrasta, Graciele Ugulioni, teria dito que teria que dar um “fim nesse piá (menino)”.
Ela foi a última das sete testemunhas a prestar depoimento nesta terça-feira. A secretária afirmou que foi orientada por Graciele a expulsar o menino do consultório, dizendo que ali não era o seu lugar. A relação do menino e da madrasta, segundo a testemunha, começou a se deteriorar com o nascimento da meia irmã de Bernardo.
Uma das babás dos Boldrini, que prestou depoimento também nesta segunda-feira, afirmou que o menino não sabia como a mãe Odilaine tinha morrido. Um dia o casal contou ao menino, que repetiu à cuidadora o que ouviu dos dois: “ela queria matar o meu pai, e como ela não conseguiu, se matou”.
Segundo a babá, o relacionamento do pai com o menino era frio, e a madrasta dizia que ele teria que ser internado porque não tinha solução. Os dois deixavam o menino nervoso, “a ponto de explodir”. Segundo ela, Bernardo amava o pai, mas tinha medo dos dois.
Ainda de acordo com o depoimento da Babá, o menino perguntava se poderia chamá-la de mãe. “Tu já sentiu saudades de alguém? Se tu sentiu, sabe o que estou sentindo hoje (...) me abraçou e chorou. Posso te chamar de mãe?”.
No depoimento prestado à Justiça, a vizinha da família Boldrini disse que a criança andava de uniforme porque suas roupas não tinham condições de serem usadas. Ela afirmou que ele a indagou sobre como conversar com um juiz, e que o Conselho Tutelar consultou o casal para saber se teria interesse em ficar com a criança.
Ainda de acordo com o dito pela vizinha, a madrasta era quem mais reclamava de Bernardo, dizendo que o menino teria que “explodir”. Segundo ela, uma vez a criança reclamou de dores causadas pelo aparelho ortodôntico, e ouviu da madrasta, “ele que se vire, esse guri só me incomoda”.
Funcionárias da escola também foram ouvidas, entre elas uma professora de Bernardo, que ouviu da madrasta o relato de que o menino seria esquizofrênico, uma vez que corria atrás da família com um facão. Na escola ele apresentava problemas de concentração e o pai se mostrava incomodado em discutir assuntos escolares.