Os tiros nos ônibus da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foram disparados por uma arma .32 ou similar, de chumbo, que já saiu de fabricação, e a aproximadamente 18,9 metros de distância dos veículos. É o que aponta o laudo da perícia do Instituto de Criminalística do Paraná, divulgado nesta quinta-feira (5), em Curitiba. O ataque à comitiva aconteceu no dia 27 de março, entre Quedas do Iguaçu, no oeste do Estado, e Laranjeiras do Sul, na região central.
"Tudo indica que é uma arma obsoleta e já fora de linha", contou o perito Inajá Antonio Kurowski. De acordo com ele, apenas um coletivo foi atingido, e não dois, como o Partido dos Trabalhadores (PT) chegou a afirmar. Esse ônibus também teve dois pneus furados por um estrepe - peça formada por dois pedaços de ferro soldados, conhecidos como “miguelitos”. Os demais teriam sido alvo de pedradas e outros artefatos. "Ocorreram apenas dois impactos, o que já é muito – um transfixante e um tangencial", explicou. Segundo o perito, é impossível dizer se os veículos estavam ou não em movimento.
Ainda conforme Kurowski, o calibre é considerado bastante baixo. "O atirador estaria à direita dos veículos e num ponto acima da rodovia. Os pés dele estariam a mais ou menos a 4,30 metros", prosseguiu. A perícia não conseguiu determinar ainda o local do ataque. "Pode ser um barranco ou construção. Não tivemos a informação do ponto em que ocorreu essa agressão. Então não tem como precisar". A Polícia Civil recebeu as imagens da praça de pedágio de Laranjeiras, mas informou que o resultado foi inconclusivo, devido à baixa qualidade.
Segundo o delegado-titular da cidade, Helder Lauria, responsável pelo inquérito, até o momento 15 pessoas prestaram depoimento sobre o atentado à caravana de Lula. "É uma área rural e moradores ficam distantes. Mas temos os depoimentos de que ouviram somente um disparo e a perícia constatou que são dois. Queremos descobrir onde foi o segundo e delimitar esse espaço, de 60 quilômetros (do trajeto entre Quedas e Laranjeiras)".
Lauria disse ainda que primeiro busca identificar o autor dos disparos, para depois procurar a motivação do crime. Por enquanto, não há suspeitos. A identificação do calibre, contudo, é considerado um passo importante. "Se apreendermos uma arma, teremos possibilidade de confronto, e também a posição do atirador. Vamos voltar ao local onde foi ouvido o estampido e tentar identificar".