Vandalismo em protestos de SP é 'absurdo', diz ministro da Justiça

José Eduardo Cardozo afirma que sociedade tem direito a reivindicações, mas não se pode permitir atos de vandalismo

12 jun 2013 - 14h07
(atualizado às 14h13)
<p>Grupo picha mensagens de protesto em ônibus de São Paulo</p>
Grupo picha mensagens de protesto em ônibus de São Paulo
Foto: Bruno Santos / Terra

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, condenou nesta quarta-feira os atos de violência praticados, em São Paulo, por manifestantes contrários ao reajuste dos preços das passagens dos transportes públicos. "É um absurdo. Não é assim que se vai conseguir qualquer reivindicação. Vivemos em uma democracia", disse Cardozo, depois de reunião com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

O ministro ponderou que a sociedade tem o direito de reivindicar, mas sem usar de vandalismo. "É legítimo que as pessoas expressem suas opiniões, mas nunca com violência, com atos de vandalismo. Temos um Estado Democrático de Direito e temos que aprender a conviver nesse espaço. Não é com vandalismo que vamos conseguir chegar a resultados positivos dentro daquilo que queremos", argumentou o ministro.

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Na terça-feira - terceiro dia de protestos contra o aumento da passagem, que passou de R$ 3 para R$ 3,20 no último dia 2 - 17 pessoas foram presas, durante uma manifestação à noite. Seis delas, encaminhadas ao 78º Distrito Policial (DP), foram liberadas por terem cometido atos de menor gravidade, como pichação, desacato a autoridade e obstrução de vias.

O Movimento Passe Livre, que organiza os protestos, programou duas manifestações na semana passada, nas quais também ocorreram confrontos com a polícia. Um novo ato está marcado para esta quinta-feira.

Protesto dura cerca de seis horas

Após quase seis horas do início do protesto contra o aumento das tarifas de ônibus, trem e metrô na capital paulista, foram registrados pelo menos 20 prisões de manifestantes e três casos de policiais militares feridos por pedras. A informação é do tenente-coronel Marcelo Pignatari, que comandou o policiamento que acompanhou os manifestantes, e disse ainda que os detidos foram encaminhados ao 78º Distrito Policial (Jardins).

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A manifestação começou de maneira pacífica, mas os primeiros tumultos começaram logo no início da passeata, na rua da Consolação, onde um jovem ciclista foi detido ao trafegar na única faixa liberada na via. A partir daí, o clima continuou tenso, com novos episódios de confronto entre manifestantes e policiais militares. 

A situação se agravou, porém, em frente ao terminal de ônibus Parque Dom Pedro. Após cerca de 20 minutos concentrados em frente ao local, um grupo de jovens tentou levar a passeata ao local, entregando flores aos policiais, mas foi impedida pela PM, que disparou bombas de gás lacrimogênio e tiros de bala de borracha. 

A PM não soube informar quantos manifestantes ficaram feridos, mas a reportagem presenciou vários jovens sendo atingidos por cassetetes e balas de borracha disparados pelos policiais. Pelo menos dois manifestantes ficaram feridos após serem atropelados por um motorista, que dirigia um Fiat Uno, que se irritou com a manifestação e atirou o carro contra os jovens - um homem e uma mulher, que não se feriram com gravidade.

Segundo os organizadores, o objetivo da manifestação era "parar o País para serem escutados em Paris", em referência à cidade para onde o prefeito, Fernando Haddad (PT), e o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), foram para defender a candidatura da cidade para ser sede da Expo2020. No início do protesto, muitos passageiros de ônibus demonstraram apoio à passeata, aplaudindo a manifestação. Entretanto, a pichação dos veículos - muitos ônibus - e de prédios públicos foi reprovada por muitas pessoas que assistiam ao protesto.

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Confrontos

O protesto foi marcado por confrontos entre os manifestantes e policiais militares. Um grupo usou lixeiras e pedras para destruir vidraças de agências bancárias. Na rua Silveira Martins, o diretório do PT também foi apedrejado.

Prefeita em exercício de SP comenta terceiro dia de protesto
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A Tropa de Choque da PM usou bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes, após o confronto no terminal de ônibus do parque Dom Pedro. Com isso, grande parte dos participantes do ato subiu para a avenida Paulista.

A manifestação teve início, no fim da tarde, com uma concentração no fim da Paulista. Depois saiu em passeata pela rua da Consolação. Em seguida, os participantes bloquearam completamente a Radial Leste, pegaram a avenida Liberdade, passando pela praça da Sé. Na avenida Rangel Pestana, um pequeno grupo apedrejou e queimou um ônibus elétrico que estava estacionado. No parque Dom Pedro, eles foram impedidos pela polícia de entrar no terminal de ônibus.

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Aumento da tarifa

As passagens de ônibus, metrô e trem da cidade de São Paulo passaram a custar R$ 3,20 no dia 2 de junho. A tarifa anterior, de R$ 3, vigorava desde janeiro de 2011. Desde o dia 6, a cidade vem enfrentando protestos.

Segundo a administração paulista, caso fosse feito o reajuste com base na inflação acumulada no período, aferido pelo IPC/Fipe, o valor chegaria a R$ 3,40. "O reajuste abaixo da inflação é um esforço da prefeitura para não onerar em excesso os passageiros", disse em nota. 

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), havia declarado que o reajuste poderia ser menor caso o Congresso aprovasse a desoneração do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) para o transporte público. O decreto foi publicado, mas não houve manifestação da administração municipal sobre redução das tarifas.

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Agência Brasil
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