O empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, que foi morto na sexta-feira, 8, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, era delator do Primeiro Comando da Capital (PCC) em um acordo firmado com o Ministério Público. Ele também foi acusado de mandar matar dois integrantes da organização criminosa.
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Uma reportagem exibida pelo Fantástico, da TV Globo, neste domingo, 10, mostrou trechos da delação feita por Gritzbach. Essa delação foi responsável por ele ter sido jurado de morte.
Vinicius era empresário do ramo imobiliário e começou a se envolver com o crime trabalhando como corretor. Ele fazia negócios com pessoas ligadas ao PCC. Uma delas era Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, assassinado em dezembro de 2021. Uma denúncia anônima apontou Gritzbach como o mandante do crime e, em 2022, ele foi preso.
Na audiência, Vinicius negou a autoria do crime ao juiz, dizendo que havia se encontrado com Anselmo um dia antes. Ele contou que membros do PCC o sequestraram e o ameaçaram de morte.
“Nesse momento, ele levantou, pôs a arma na minha cabeça e falou: 'Se você errar a senha, eu sei que você quer apagar o celular, vou te matar aqui mesmo. Você não vai pegar mais nesse celular, só vai se despedir de sua família'”, contou.
Ele foi solto, mas acabou sendo denunciado pelas mortes e aguardava julgamento. Gritzbach também se tornou alvo de uma investigação sobre lavagem de dinheiro para o PCC. Um acordo de delação premiada foi oferecido pelas autoridades. O advogado dele não concordou e deixou o caso, mas Vinicius seguiu com a delação e uma nova equipe de defesa.
O empresário negou participação nas mortes, mas reconheceu que ajudou o PCC a lavar dinheiro com a compra de imóveis. “Eu admito que participei dessas transações, foi uma venda comercializada aonde meu escritório fez análise jurídica, rodou os contratos e onde acabei fazendo no nome do meu tio e do meu primo”, disse.
Nas delações, Vinicius pedia proteção contra as ameaças que sofria. “Eu sofro um atentado, onde estou tentando repelir os crimes e chegar a algum lugar”.
Depois da primeira reunião com o MP, em dezembro, ele foi alvo de um atentado no dia do Natal. O apartamento onde ele estava foi alvo de tiros. Foi oferecido a ele o apoio do Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas (Provita), do governo federal, mas ele recusou. O que ele queria era, na verdade, uma escola policial, mas não há previsão legal para isso.
Denúncia contra policiais
Oito dias antes da morte de Vinicius no aeroporto, ele denunciou que havia sido roubado por investigadores, e o caso foi apresentado à Corregedoria da Polícia Civil. Antônio Vinicius contou que, na primeira vez em que foi preso, levaram uma bolsa com R$ 20 mil de sua casa e uma caixa com uma coleção de relógios luxuosos, que foi devolvida, mas com cinco relógios a menos, segundo mostrou o Fantástico.
Depois, ele reconheceu um desses relógios em fotos nas redes sociais de um dos policiais. As imagens foram apagadas depois da denúncia, segundo o empresário.
Executado a tiros no aeroporto
O empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach foi morto a tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na sexta-feira, 8. Ele estava acompanhado da namorada e seria recebido pelo filho e por seus quatro seguranças, todos policiais militares.
A defesa dos seguranças diz que eles não tiveram nenhum envolvimento com a morte do empresário. Eles faziam a segurança de Vinicius e sua família, foram ouvidos pelas autoridades e afastados dos cargos na corporação. Em nota, a Polícia Civil informou que armas foram encontradas próximas do aeroporto, e serão periciadas. Elas podem ter sido usadas no ataque.
O empresário carregava joias avaliadas em R$ 1 milhão na bagagem quando foi morto. Elas seriam o pagamento de uma dívida que motivou a viagem para Maceió (AL).