A Polícia Civil de Pernambuco indiciou o cantor Gusttavo Lima por suspeita de lavagem de dinheiro e organização criminosa. A medida ocorre no âmbito da Operação Integration. Agora, cabe ao Ministério Público decidir se denuncia ou não o artista.
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Novos detalhes das investigações foram divulgados em uma reportagem do Fantástico, da TV Globo, no domingo, 29. A defesa do cantor nega as irregularidades. Confira a seguir os principais pontos que levaram ao indiciamento de Gusttavo Lima:
Apreensão de dinheiro
A polícia apreendeu R$ 150 mil na sede da Balada Eventos e Produções, empresa de shows do cantor situada em Goiânia (GO). Também foram localizadas 18 notas fiscais sequenciais, emitidas no mesmo dia e em valores fracionados por outra empresa do cantor, a GSA Empreendimentos, para a PIX365 Soluções. Segundo a polícia, trata-se da Vai de Bet, que também é investigada.
Ao todo, são mais de R$ 8 milhões pelo uso da imagem de Gusttavo Lima. O dinheiro vivo apreendido e as notas fiscais são dois indícios de lavagem de dinheiro, de acordo com a polícia.
A defesa do cantor afirma que o dinheiro apreendido era para pagamento de fornecedores. Já sobre as notas fiscais, diz que os valores foram declarados e os impostos pagos.
A defesa do responsável pela PIX365 (José André da Rocha Neto) diz que as notas sequenciais são pela prestação de serviço do cantor à Vai de Bet.
Venda de aeronave
Outra suspeita que envolve o sertanejo é a de negociação irregular de duas aeronaves para empresários ligados a jogos ilegais. Uma delas, da Balada Eventos, foi vendida duas vezes em um ano para investigados pela polícia pernambucana.
A primeira venda aconteceu em 2023, quando foi adquirida por 6 milhões de dólares pela Sports Entretenimento, empresa pertencente a Darwin Henrique da Silva Filho. Segundo a investigação, ele é de uma família de bicheiros do Recife.
Darwin ficou com o avião por dois meses e se desfez sob o pretexto de problemas técnicos. Contrato e distrato foram emitidos em 25 de maio daquele ano. O laudo que apontou a falha mecânica foi feito após o cancelamento da compra, em 29 de junho.
Já em fevereiro de 2024, a empresa de Gusttavo Lima vendeu o avião à J.M.J Participações, de José André da Rocha Neto, outro alvo da operação. Segundo a polícia, não houve a emissão de laudo que comprovasse reparo da aeronave.
A transação de R$ 33 milhões envolveu, também, um helicóptero da empresa do cantor e que já tinha sido comprado por outra empresa de Rocha Neto. Na negociação, o helicóptero voltou para Gusttavo Lima. As empresas que compraram as aeronaves usaram tanto dinheiro legal quanto ilegal, oriundo do crime, conforme a polícia.
À TV, a defesa de Gusttavo Lima diz que os contratos foram feitos em nomes das empresas com os seus representantes legais, o que afastaria a possibilidade de lavagem de dinheiro. Além disso, alegou que a análise dos policiais apresenta falhas e que os registros de compra e venda das aeronaves foram feitos sem ocultação ou dissimulação e os pagamentos em contas bancárias normais.
Já a defesa de Rocha Neto afirma que ele usou o helicóptero como parte do pagamento da aeronave da Balada Eventos.
Darwin Filho, por sua vez, negou relação com o jogo do bicho e disse que a transação de cancelamento da compra do avião de Lima foi lícita e regular. Por meio da defesa, o sertanejo negou conhecer Darwin Filho.
Viagem de investigados à Grécia
A reportagem também se debruçou sobre o dia em que a Integrations foi deflagrada, ocasião em que Gusttavo Lima, intimado a depor, e Rocha Neto e a esposa, ambos com a prisão decretada, tiveram bens e contas bancárias bloqueados.
Eles estavam na Grécia, enquanto o cantor gravava músicas novas e sucessos antigos. Gusttavo Lima também celebrava o aniversário de 35 anos. O casal pegou carona no avião do cantor em direção ao país europeu, porém, Lima retornou sozinho ao Brasil. A suspeita é de que os foragidos tivessem permanecido no exterior. O cantor nega relação de intimidade com o casal.
A suposta ajuda de Gusttavo Lima ao casal motivou que a Justiça de Pernambuco autorizasse a expedição de um mandado de prisão contra o cantor. A decisão foi revogada em segunda instância um dia depois.
'Dono oculto' de bet
O inquérito mostrou, também, que Gusttavo Lima era tido como sócio da Vai de Bet, com participação de 25% da marca. A suspeita, no entanto, é de que o cantor já fosse uma 'espécie de dono oculto' desde antes, segundo a investigação.
Em 2023, a empresa fechou um acordo de patrocínio master com o clube de futebol Corinthians, caso que rendeu outra investigação em São Paulo.
Em depoimento, um conselheiro do clube afirmou que o presidente do Corinthians falou, por telefone, com Gusttavo Lima, e que o dirigente citou que o artista era um dos donos da empresa.
“Em um dos depoimentos das testemunhas ouvidas no caso da subtração de valores do Corinthians, é mencionado que, no momento da assinatura do contrato, foi informada essa testemunha por parte do presidente do Corinthians, que a Vai de Bet teria como um dos sócios o Gustavo Lima”, disse Juliano Carvalho, promotor de Justiça do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo.
À reportagem, o Corinthians disse que o caso está na Justiça e que não trata mais de questões ligadas a essa empresa.
A defesa de Lima afirma que ele não é sócio da Vai de Bet e diz que o contrato encontrado indica que ele tem 25% de eventual venda da marca. Alegou, ainda, que o contrato com a PIX365 tinha cláusula anticorrupção e foi suspenso.