Dez anos após o início da Lava Jato, a atuação do ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União-PR) na condução de processos da operação ainda divide a opinião pública. Os resultados de uma pesquisa Genial/Quaest, divulgada neste domingo, 3, pelo jornal O Globo, apontam que Moro é alvo de críticas por parte da população.
Embora metade dos brasileiros considere que a Lava Jato trouxe mais benefícios do que malefícios ao País, o trabalho de Moro possui taxa de desaprovação de 44%. A aprovação está em 40%. Com a margem de erro estimada em 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos, as duas categorias de avaliação empatam tecnicamente.
Os demais dos entrevistados (3%) "nem aprovam, nem desaprovam" a atuação de Moro. Outros 12% não souberam ou preferiram não responder.
A pesquisa Genial/Quaest ouviu presencialmente 2 mil brasileiros, a partir de 16 anos, em 120 municípios, entre os dias 25 e 27 de fevereiro. A pesquisa tem nível de confiança de 95%.
Maior desaprovação entre petistas
Após deixar a magistratura, o ex-juiz assistiu às anulações de suas decisões pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que o declarou parcial para julgar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A controvérsia em torno de seus atos se intensificou com a divulgação de mensagens trocadas com outras autoridades envolvidas nas investigações, na ação que ficou conhecida como "Vaza-Jato".
A análise da pesquisa revela que as percepções sobre Moro acompanham a divisão política do País. Seu maior índice de desaprovação foi entre eleitores do PT no segundo turno das eleições de 2022 (63%) e residentes do Nordeste (57%), região historicamente ligada ao partido.
No entanto, entre os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), a aprovação do trabalho de Moro é de 65%. Esse apoio pode estar relacionado à sua reaproximação com Bolsonaro, após deixar o Ministério da Justiça em 2020, quando acusou o então presidente de interferir nas atividades da Polícia Federal.
O que brasileiros acham sobre o fim da Lava Jato
A pesquisa Genial/Quaest divulgada pelo jornal O Globo também aponta que a maior parte dos entrevistados acredita que a operação, apesar das controvérsias e anulações posteriores, teve saldo positivo. No entanto, as pessoas ouvidas entendem que a operação foi encerrada em 2021, devido a uma ação política.
Quarenta e dois porcento dos entrevistados concordam que políticos agiram para frear as investigações. Outros 25% acreditam que o fim da Lava Jato se deu por causa de excessos e erros dos investigadores e juízes envolvidos. Ainda, 8% atribuem o fim da força-tarefa à ideia de que a corrupção no governo havia acabado em 2021.
A leitura majoritária de que políticos agiram para frear investigações coincide com o momento em que uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) busca limitar operações contra parlamentares. Conhecida como "PEC da Blindagem", a proposta ganha força na Câmara dos Deputados, com o apoio do presidente Arthur Lira (PP-AL).
Em relação aos processos enfrentados por Lula, a pesquisa mostra mais uma divisão de opiniões: 43% dos brasileiros consideram o presidente inocente, enquanto outros 43% o veem como culpado e passível de prisão. Eleitores de Lula tendem a vê-lo como inocente, enquanto os apoiadores de Bolsonaro o consideram culpado.