52% acreditam que Bolsonaro tentou golpe para se manter no poder, diz Datafolha

Pressão sobre Bolsonaro aumentou nos últimos dias, especialmente após a prisão de seu candidato a vice em 2022, Braga Netto

18 dez 2024 - 11h47
(atualizado às 13h01)
General Walter Braga Netto, preso pela PF em inquérito que apura tentativa de golpe, ao lado de Jair Bolsonaro (PL)
General Walter Braga Netto, preso pela PF em inquérito que apura tentativa de golpe, ao lado de Jair Bolsonaro (PL)
Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão

Metade dos brasileiros acredita que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou articular um golpe para permanecer na Presidência após sua derrota no segundo turno das eleições de 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Essa é a percepção de 52% dos entrevistados pelo Datafolha, enquanto 39% discordam dessa possibilidade e 7% afirmam não ter opinião formada.

A pesquisa foi realizada com 2.002 pessoas nos dias 12 e 13 de dezembro, apresentando uma margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

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O resultado é próximo ao registrado na última vez que a questão foi abordada, em março deste ano. Naquela ocasião, 55% acreditavam na intenção golpista de Bolsonaro, número que sofreu uma leve oscilação, enquanto os que negavam essa hipótese permanecem em 39%.

Desde então, o ex-presidente foi indiciado no inquérito que investiga a tentativa de golpe, ao lado de outras 39 pessoas, das quais 28 são militares. Bolsonaro mantém sua defesa, alegando inocência e afirmando ser alvo de perseguição política. Ele também declarou que as discussões sobre sua permanência no poder não passaram de conversas sem impacto prático.

A posição da Polícia Federal diverge da defesa apresentada por Bolsonaro, e há a possibilidade de que o ex-presidente seja denunciado pelo Ministério Público e venha a ser julgado já em 2025. Atualmente, ele está inelegível até 2030, após ser condenado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) devido aos seus ataques contra o sistema de votação eletrônico.

A pressão sobre Bolsonaro aumentou nos últimos dias, especialmente após a prisão de seu candidato a vice em 2022, o general da reserva e ex-ministro Walter Braga Netto. O ex-presidente já chegou a cogitar buscar refúgio em uma embaixada que lhe fosse favorável.

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Polarização

Os dados levantados pela pesquisa refletem, em grande parte, as divisões socioeconômicas que também se manifestam na aprovação do governo Lula. A percepção de que Bolsonaro tentou dar um golpe é mais forte entre os menos instruídos (59%), os mais pobres (60%) e os nordestinos (64%).

Por outro lado, a defesa do ex-presidente encontra maior respaldo entre aqueles com curso superior (47%), as pessoas de renda mais alta (49%), moradores da região Sul (50%) e evangélicos (52%).

Como esperado, o contraste de opiniões é mais acentuado entre eleitores de Lula e Bolsonaro, demonstrando um abismo gerado pela polarização política. Essa perspectiva é reforçada por outra questão abordada na pesquisa: 68% dos entrevistados acreditam que houve risco de golpe nos meses finais de 2022. Dentro desse grupo, 43% consideram que o risco foi grande, 17% avaliam como médio e 8% o classificam como pequeno. Já 25% descartaram a possibilidade e 7% não souberam responder.

Essa avaliação é majoritária em todos os recortes, mas atinge seus pontos mais altos entre os mais pobres (74%), nordestinos (78%) e eleitores de Lula (89%). Em contrapartida, a descrença no risco de golpe é mais comum entre os homens (30%), os mais ricos (34%) e os apoiadores de Bolsonaro — embora nem neste grupo a maioria descarte completamente a ideia, com 46% dizendo que não houve risco.

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Outro dado levantado pela pesquisa revela que 63% dos entrevistados têm conhecimento sobre as investigações envolvendo um plano para assassinar Lula, o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes (STF). Dentro desse grupo, 50% acreditam que Bolsonaro esteve diretamente envolvido, enquanto 40% discordam. Já entre os que desconhecem o caso, 54% defendem a inocência do ex-presidente, enquanto 22% acreditam no contrário.

De forma geral, a pesquisa aponta que 46% dos entrevistados acreditam que Bolsonaro não sabia desse plano específico, contra 39% que dizem o contrário. Enquanto 15% preferiu não opinar.

Fonte: Redação Terra
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