76% defendem impeachment se Bolsonaro desobedecer Justiça

Bolsonaro chamou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, de "canalha" e disse que não obedeceria nenhuma decisão que parta dele

18 set 2021 - 13h00
(atualizado às 13h01)

O impeachment de Jair Bolsonaro é apoiado por 76% dos brasileiros, caso o presidente venha a descumprir ordens judiciais - como prometeu durante o protesto de 7 de setembro, na Avenida Paulista - revelou pesquisa do Datafolha divulgada neste sábado, 18.

Foto: Adriano Machado / Reuters

De acordo com o instituto, a maioria dos entrevistados se mostrou favorável ao impedimento de Bolsonaro caso ele cumpra a promessa de desacatar determinações da Justiça - o que configura crime de responsabilidade. Enquanto isso, 21% responderam que o presidente não deveria ser punido, e 3% não souberam responder.

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O apoio ao impeachment do presidente é maior entre homossexuais e bissexuais (93%), estudantes (91%), evangélicos (69%) e empresários (57%). Entre jovens de 16 a 24 anos, o porcentual a favor do impedimento é de 86%. Apoiadores do governo (59%) e empresários (39%) são os mais tolerantes com o Bolsonaro e não veem necessidade de uma punição neste caso.

Em discurso na Avenida Paulista, durante protesto convocado no 7 de setembro, Bolsonaro atacou o Poder Judiciário. Aos milhares de apoiadores que lotaram a via, no entanto, o recado foi eleitoral e com um tom, mais uma vez, golpista. O presidente chamou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de "canalha", pediu para ele "sair" e disse que, a partir de agora, não vai obedecer nenhuma decisão que parta dele. Diante da resposta positiva dos apoiadores, ainda declarou que só deixa o cargo morto e que nunca será preso.

"Não temos qualquer crítica às instituições, respeitamos todas as instituições. Quando alguém do Poder Executivo começa a falhar, eu converso com ele. Se ele não se enquadra, eu demito. No Legislativo não é diferente. Quando um deputado ou senador começa a fazer algo que incomoda a todos nós, e que está fora das quatro linhas, geralmente se aciona o conselho de ética e ele pode perder o seu mandato. Já no nosso Supremo Tribunal Federal um ministro ousa continuar fazendo aquilo que nós não admitimos, um ministro que deveria zelar pela nossa liberdade, pela democracia, pela Constituição e faz exatamente o contrário. Ou esse ministro se enquadra ou ele pede pra sair", disse Bolsonaro, referindo-se a Moraes.

Na sequência, ao dizer que Moraes ainda tem "tempo para se redimir", Bolsonaro ouviu "vaias" da multidão que lotava 11 quarteirões da via e recuou. "Ou melhor, acabou o tempo dele. Sai, Alexandre de Moraes, deixe de ser canalha, deixe de oprimir o povo brasileiro, deixe de censurar o seu povo." E teve a resposta esperada. "Eu autorizo", gritavam os apoiadores, em coro.

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Dois dias depois, no entanto, o presidente recuou e divulgou uma declaração à Nação, escrita com a ajuda do ex-presidente Michel Temer, na qual volta atrás do tom adotado nos discursos do 7 de setembro e até elogia Moraes.

A pesquisa do Datafolha ouviu 3.667 pessoas com 16 anos ou mais, em 190 cidades, entre 13 a 15 de setembro. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou menos.

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