Nesta segunda-feira, 15, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou o sigilo da gravação de uma reunião do ex-presidente Jair Bolsonaro. No material, o ex-presidente fala sobre o caso das rachadinhas, que Flávio Bolsonaro, seu filho, é alvo. O áudio foi obtido pela Polícia Federal em meio às investigações da ‘Abin paralela’, que apura sobre um esquema de monitoramento ilegal de pessoas e autoridades públicas.
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Segundo a Polícia Federal, a reunião em questão aconteceu no dia 25 de agosto de 2020. Jair Bolsonaro discutiu sobre a investigação de rachadinha ligada ao senador Flávio Bolsonaro, filho do então presidente, com o general Augusto Heleno, na época ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e com Alexandre Ramagem, então diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). As advogadas Luciana Pires e Juliana Bierrenbach, que representavam Flávio, também estavam no encontro.
Em meio a estratégias para a defesa do senador, Bolsonaro disse na reunião que o então governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, propôs “resolver” o caso das investigações de rachadinha do filho em troca de uma vaga ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“O ano passado [2019], no meio do ano, encontrei com o [Wilson] Witzel, não tive notícia [inaudível] bem pequenininho o problema. Ele falou, resolve o caso do Flávio. Me dá uma vaga no Supremo. [... Então, você sabe o que que vale você ter um ministro irmão teu no supremo”, afirmou o ex-presidente no momento, em decupagem da Polícia Federal.
A gravação da reunião foi feita por Ramagem, aponta a PF. O material foi extraído de aparelhos apreendidos na operação sobre a ‘Abin paralela’.
Em novembro de 2021, provas do caso da rachadinha -- que acusavam Flávio Bolsonaro de enriquecer por apropriação de salários de funcionários de seu gabinete -- foram anuladas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O que dizem
Flávio Bolsonaro se manifestou via vídeo, publicado em suas redes sociais. "O áudio mostra apenas minhas advogadas comunicando as suspeitas de que um grupo agia com interesses políticos dentro da Receita Federal e com objetivo de prejudicar a mim e a minha família", disse, complementando que ele e sua família tomaram as medidas legais cabíveis.
Com a repercussão da situação, o ex-governador Wilson Witzel, em seu perfil do X, antigo Twitter, afirmou jamais ter oferecido "qualquer tipo de 'auxílio' a qualquer um" durante seu governo. Além disso, complementou que "o Presidente Jair Bolsonaro deve ter se confundido e não foi a primeira vez que mencionou conversas que nunca tivemos".
verificando que foi feito com a Abin e Policia Federal. No meu governo a Polícia Civil e militar sempre tiveram total independência e os poderes foram respeitados. A história e tudo o que aconteceu comigo comprovam isso.
— Wilson Witzel (@wilsonwitzel) July 15, 2024
Já Ramagem, em pronunciamento por meio de vídeo, reforçou ter se manifestado "contrariamente à atuação do GSI no tema, indicando o caminho por procedimento administrativo pela Receita Federal, previsto em lei, e ainda judicial no STF". Confira:
Relato sobre a reunião de agosto de 2020.
O Presidente Bolsonaro sempre se manifestou na reunião por não querer favorecimentos ou jeitinhos.
Eu me manifestei contrariamente à atuação do GSI no tema, indicando o caminho por procedimento administrativo pela Receita Federal,… pic.twitter.com/74JYjH7jkq
— Delegado Ramagem (@delegadoramagem) July 15, 2024