ACM Neto: Saída de Mandetta e crítica a Maia degradam apoio

Presidente do DEM, o prefeito de Salvador afirma que presidente tenta 'desviar o foco' da condução do governo no combate à pandemia

17 abr 2020 - 09h56
(atualizado às 10h40)

O presidente nacional do DEM e prefeito de Salvador, ACM Neto, disse que a forma como foi feita a demissão de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde, após semanas de "fritura" pública, e as críticas do presidente Jair Bolsonaro à atuação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), "acabaram por degradar o apoio que ele ainda podia ter dentro do partido".

Presidente do DEM, ACM Neto, conversa com presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, em Brasília
08/03/2018 REUTERS/Adriano Machado
Presidente do DEM, ACM Neto, conversa com presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, em Brasília 08/03/2018 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Para ACM Neto, as críticas de Bolsonaro ao presidente da Câmara "têm caráter de desviar o foco, no dia de hoje, da demissão do Mandetta, e, no geral, da condução do governo federal de medidas de combate ao coronavírus".

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Após a demissão de Mandetta, Bolsonaro disse em entrevista à CNN que a atuação de Maia na presidência da Câmara é "péssima" e insinuou que o parlamentar trama contra o seu governo. "O sentimento que eu tenho é que ele não quer amenizar os problemas. Ele quer atacar o governo federal, enfiar a faca. Parece que a intenção é me tirar do governo", disse Bolsonaro.

A declaração foi feita horas depois de Maia e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, criticarem a troca do ministro da Saúde - os três são filiados ao DEM. Em resposta, Maia disse que Bolsonaro não iria ouvir ataques dele. "Ele joga pedras e o Parlamento vai jogar flores."

A demissão do ministro e o ataque a Maia acontecem em um momento de afastamento de Bolsonaro com a ala do DEM aliada ao governo.

ACM Neto observou nessa quinta-feira que, apesar de participar do governo federal, o DEM "sempre teve independência" em relação a Bolsonaro, e que Mandetta, bem como os demais ministros filiados à legenda, foram indicações do presidente, e não do partido. "O DEM não indicou os ministros. Foram nomeações do presidente e, se ele nomeou, tem a prerrogativa de tirar", disse.

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O prefeito ponderou, no entanto, que a legenda não pretende discutir internamente, neste momento, a relação com o governo. "Por ora não. Estamos focados no combate à pandemia", disse.

Sobre a demissão de Mandetta, o presidente do DEM disse que "não há dúvida de que, na bola dividida entre o presidente e o ministro, o partido fica ao lado da saúde e da ciência". Prefeito de Salvador, ACM Neto tem defendido medidas de isolamento social como principal medida de combate ao coronavírus.

DEM no governo

O DEM iniciou a gestão Bolsonaro como um dos mais agraciados com espaços na Esplanada dos Ministérios. Além de Onyx Lorenzoni (RS), chamado pelo presidente a ocupar um dos mais importantes postos no governo, o de chefe da Casa Civil, o partido também iniciou 2019 comandando o poderoso Ministério da Saúde, com Mandetta, e o da Agricultura, ainda chefiado pela ministra Tereza Cristina (RS).

Ainda assim, o apoio ao governo Bolsonaro nunca foi unanimidade no partido.

Ao demitir Mandetta, Bolsonaro não só reduz de três para dois os ministérios ocupados pelo DEM, mas também retira do posto o indicado do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, um dos principais fiadores da aproximação do partido com o governo.

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Caiado declarou no final de março seu rompimento com o presidente, após ele insistir em sair às ruas e provocar aglomerações. Médico, o governador é a favor do isolamento social como principal medida de contenção do contágio pelo coronavírus.

Na semana passada, num ensaio de reaproximação, Bolsonaro e Caiado visitaram as obras de um hospital de campanha juntos (numa agenda em que também estava Mandetta) em Goiás. Após a visita, no entanto, o presidente voltou a causar aglomeração ao cumprimentar apoiadores - Caiado e Mandetta não participaram desta parte da agenda.

Outro fiador da participação do DEM no governo federal, Onyx Lorenzoni foi "rebaixado" em fevereiro da Casa Civil para uma pasta "periférica", o da Cidadania.

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