Acusado de envolvimento em uma suposta "operação de resgate" de um relógio Rolex que foi dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro em uma viagem oficial à Arábia Saudita, o advogado Frederick Wassef teria devolvido o objeto a Mauro Cid, ex-ajudante de ordens. O repasse da joia teria acontecido na Sociedade Hípica Paulista, na cidade de São Paulo.
As informações fazem parte do inquérito da Polícia Federal (PF) que investiga o caso e foram divulgadas pelo jornal O Globo. Na última sexta-feira, 11, a PF deflagrou uma operação de busca e apreensão que teve como um dos alvos Frederick Wassef.
Conforme mensagens de WhatsApp obtidas pela PF, Wassef chegou a São Paulo com o Rolex no dia 29 de março deste ano, após ter buscado o item em uma loja na Pensilvânia, nos Estados Unidos, para a qual havia sido vendido. Na mesma data, o coronel Marcelo Costa Câmara, outro assessor do ex-presidente, enviou uma mensagem para Cid: "Material em São Paulo", fazendo referência ao relógio. Embora a existência das joias já fosse conhecida pela imprensa, não havia sido revelado que elas estavam nos Estados Unidos.
As informações extraídas do telefone de Cid, conforme a investigação, indicam que o ex-ajudante de ordens se encontrava na cidade de São Paulo acompanhado de suas filhas, que estavam participando de uma competição de hipismo. Segundo a PF, ele realizava constantes deslocamentos para o local das competições e áreas de lazer, como cinema e praças de alimentação.
Na avaliação dos investigadores, esse padrão de movimentação teria tornado difícil para Mauro Cid receber e guardar o relógio Rolex de maneira segura já no dia 29 de março. Isso acabou ocorrendo apenas em 2 de abril, quando ele estava prestes a viajar de volta para Brasília com sua família.
"No dia 02/04/2023, Mauro Cid avisa a Frederick Wassef: 'Estou indo para a Hípica' e em seguida passa as coordenadas geográficas da Sociedade Hípica Paulista", descreveu a PF em relatório. "Mauro Cid, possivelmente, só ficou com a posse do relógio no dia 2 de abril de 2023, após um encontro na Sociedade Hípica Paulista, com Frederick Wassef", aponta a investigação.
Em 4 de abril, após a determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) para a restituição do conjunto de joias oferecido pelos sauditas, a equipe jurídica de Bolsonaro entregou as peças ao governo. A entrega abrangeu tanto o relógio quanto os outros elementos do conjunto (anel, abotoaduras e rosário islâmico). De acordo com as investigações, Cid também havia recuperado esses itens dias antes em uma loja na Flórida.