BRASÍLIA - O bolsonarista George Washington de Oliveira Sousa, gerente de posto de gasolina que foi preso no sábado, 24, por planejar um ataque com bomba nas imediações do aeroporto de Brasília, terá na sua defesa o advogado goiano Jorge Chediak, que também é apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL). Chediak tem usado as redes sociais para pedir doações via PIX para manter o acampamento bolsonarista que se instalou Quartel General do Exército. O advogado tem uma foto ao lado do presidente e já a usou como perfil no WhatsApp.
O advogado também já criticou as Forças Armadas e insinuou que os militares são influenciados por Aldo Rebelo, ex-ministro da Defesa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que hoje está filiado ao PDT. "Muito se engana quem pensa que 7 de setembro foi suficiente para o Biroliro (Bolsonaro) tomar a medida enérgica que todos queríamos. As FFAA ainda estão contaminadas com vários caciques seguidores de Aldo Rebelo. Mais de 130 anos de revolução cultural não se desfaz em 1 mandato", escreveu Chediak em dezembro do ano passado.
Em outra crítica aos militares, ele disse que as Forças Armadas não são "poder moderador" e pregou a volta da monarquia. "Até quando vão brincar de dizer que as FFAA são o poder moderador do Brasil e impedir que o verdadeiro poder moderador assuma o país? #monarquiajá".
George confessou em depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal que planejou o atentado com bomba para chamar a atenção para o grupo bolsonarista. De acordo com as informações do depoimento, o preso faz parte do grupo que está acampado no QG do Exército. Os bolsonaristas estão reunido no local desde quando o presidente perdeu a reeleição para Lula. Eles têm ecoado um discurso golpista de intervenção militar para impedir que o petista tome posse.
Apesar disso, o advogado negou que o preso tenha sido o autor do ataque e alegou que ele foi pressionado a dizer que participou do crime. "No depoimento do próprio réu ele negou completamente os crimes. Depois fizeram um depoimento gigantesco, no qual ele acabou assinando. Depois de negar, teve um depoimento em que ele acabou assinando. Tem muita coisa ali que é discutível, todas as armas que ele tinha, ele tinha o registro, as armas possuem nota fiscal. A princípio é uma posição muito temerária dizer que sim ou que não", afirmou Chediak ao Estadão. "Um indivíduo desacompanhado de advogado prestando um depoimento na frente de vários policiais, vai saber o que aconteceu com esse indivíduo por lá", completou.
O goiano disse ainda que o delegado Robson Cândido, responsável pela Polícia Civil do DF e que coordena as apurações do caso, é ligado a Lula. Apesar disso, não há registros de que Robson tenha qualquer ligação com o presidente eleito. Nas redes sociais predominam postagens institucionais envolvendo o trabalho da PC-DF.
O advogado disse que vai ao presídio onde George está preso para tentar falar com ele ainda nesta segunda-feira, 26. De acordo com ele, quem o contratou para assumir o caso foi a família do preso. Chediak afirmou que não conhecia o seu cliente antes do caso e que não havia o visto dentro dos grupos bolsonaristas. Segundo ele, o uso da bomba não seria algo que interessa aos apoiadores do presidente. "Eu fui no acampamento diversas vezes e não vi nada de irregular por lá".
Nas redes sociais, Chediak costuma fazer diversas postagens bastante agressivas. Em março de 2021, ele reclamou do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), pela adoção de medidas de isolamento social contra o coronavírus e fez comentários obscenos contra a mulher do emedebista. Ele também já classificou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) como "gazela saltitante" e chamou o coronavírus de "vírus chinês".
Chediak afirmou que sua militância política e o modo como usa as redes sociais não têm relação com o caso de George e nem com o seu trabalho como advogado. "Isso não tem relação nenhuma com o caso. Isso é o tipo de coisa que não tem absolutamente nada a ver. Eu tenho paralelamente ao meu trabalho na advocacia, o meu trabalho nas redes sociais. São duas coisas que não tem absolutamente nada a ver uma coisa com a outra", afirmou.