Em clima de campanha, o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB e provável candidato do partido à Presidência da República, lançou neste sábado, em Curitiba, o diretório regional Sul do partido, visando à construção da estratégia e do plano de governo da legenda para as eleições do ano que vem. O evento reuniu milhares de militantes tucanos e as principais lideranças da sigla no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de representantes de aliados, como o DEM.
"Hoje não é só o encontro dos tucanos. Hoje, o PSDB se reencontra com sua própria história. Nascemos longe das benesses do poder e próximos ao pulsar das ruas, e é isso que está acontecendo, estamos nos reencontrando com as aspirações das ruas, com nossa história e nossos valores", disse o senador.
Mais uma vez, Aécio afirmou não estar preocupado com os índices das pesquisas de intenção de voto e repetiu que o indicador importante é que mais da metade dos eleitores não quer votar na presidente Dilma Rousseff (PT). "Cabe a nós construirmos a melhor proposta e nos apresentarmos como a verdadeira alternativa para dar fim a esse desgoverno do PT", declarou.
Embora negue que esteja em campanha e critique a presidente Dilma, que para ele deixou de ser presidente da República para ser "candidata à reeleição fulltime (em tempo integral)", Aécio foi tratado como candidato durante todo o evento, com gritos de guerra e discursos inflamados, como o do vice-presidente nacional do DEM, Abelardo Luppion, que disse que "Aécio é o nome para triturar o PT no ano que vem".
O presidente do PSDB disse que o momento é de esquentar os motores e preparar-se para o debate. "Estamos preparados para o embate em qualquer canto. Querem falar de economia, somos o PSDB que estabilizou a moeda, o PSDB da responsabilidade fiscal, das privatizações adequadas, corretas e fundamentais para o crescimento da economia", discursou. "Eles são os que flexibilizaram os pilares macroeconômicos, que desperdiçaram o momento histórico para fazer as reformas que o país precisava, que fizeram o Brasil crescer um terço da média do que crescem nossos vizinhos sul-americanos".
E as críticas ao governo do PT continuaram. "Esse governo tem uma incapacidade gerencial crônica, porque não ocupa o governo com as pessoas certas, com conhecimento técnico das pastas que ocupam. E vamos discutir, sim, questões éticas, porque estão pegando gente com a boca na botija todo o tempo em todas as áreas do Estado", provocou.
Aécio também fez coro à reclamação do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), que disse que o Estado foi abandonado pelo governo federal. "O pior desserviço deste governo está na fragilização e aniquilamento da federação. Não existe mais federação, é Estado unitário, todos os recursos estão na mão da União. O governo do PT está acabando com os Estados e municípios", disse.
A reclamação do governador paranaense é quanto á dificuldade que o Estado está tendo para viabilizar empréstimos internacionais. "Somos o 5º Estado que mais arrecada para a União e o 23º em recebimento de verbas federais. Então, fomos aos empréstimos internacionais, passamos pelo crivo rigoroso do Banco Mundial. Mas os empréstimos não são liberados com a alegação da nossa situação fiscal, mas estamos em situação bem acima da de outros Estados que não tiveram dificuldade em liberá-los", disse Richa. "Temos três paranaenses em ministérios trabalhando contra nossos Estados", reclamou.