Aécio usará inflação como trunfo contra Dilma em campanha eleitoral

26 mai 2014 - 19h47

O pré-candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, vê na inflação um trunfo na campanha eleitoral, depois que a alta de preços atingiu em cheio o eleitorado cativo do governo da presidente Dilma Rousseff nos últimos meses.

Ao centrar fogo na inflação, o senador por Minas Gerais vai aproveitar para bater na tecla de que o "intervencionismo" e a "ineficiência" da administração petista contribuíram para desarranjar a economia, além de impulsionar a alta dos preços.

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A arma para atiçar a insatisfação da população e atrair o eleitorado é apresentar exemplos de piora de qualidade de vida ao mostrar corrosão do poder de compra da moeda nos últimos quatros anos e detalhar os bens e serviços que estão sendo corrigidos em ritmo bem superior do que os índices oficiais.

A primeira parte da estratégia é buscar apresentar o que os tucanos chamam de "inflação verdadeira" para cada setor da sociedade.

"Nós vamos mostrar que o IPCA (índice oficial de preços) é uma média e não reflete a inflação de fato de cada brasileiro", disse um aliado do senador que participa das discussões sobre a estratégia da campanha.

Desde o início do governo Dilma, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) gira em torno de 6 por cento. Em abril, o IPCA acumulado em 12 meses estava em 6,28 por cento, muito próximo do teto da meta do governo, que é de 4,5 por cento com 2 pontos percentuais de tolerância.

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Para o PSDB, o índice oficial de inflação só não é maior devido ao represamento dos preços administrados, como energia, combustíveis e transportes. "Quando excluímos essas áreas, o índice explode para dois dígitos", disse o aliado, em tom um pouco de exagero.

Para trazer a numeralha ao cotidiano do eleitor, os tucanos vão recorrer a exemplos de preços que subiram mais do que o IPCA, como os de alimentos.

A estratégia do PSDB foi levantada por pesquisas internas que mostraram que uma das principais preocupações do eleitorado é com a aceleração de preços, segundo um deputado ouvido pela Reuters. Essa também foi a conclusão dos levantamentos qualitativos do PT, tanto que a campanha de Dilma vê a inflação como o seu calcanhar de Aquiles.

Não são apenas as pesquisas internas dos partidos que demonstram que a alta dos preços influencia na escolha dos eleitores. A aprovação do governo Dilma em março, por exemplo, recuou puxada pela inflação mais elevada dos alimentos, segundo o CNI/Ibope. A desaprovação ao combate à inflação atingiu seu maior nível naquela pesquisa e chegou a 71 por cento, subindo oito pontos percentuais em relação a novembro.

Para tentar domar a inflação, o Banco Central elevou desde abril do ano passado a taxa básica de juros em 3,75 pontos percentuais, para 11 por cento ao ano, e deve manter a Selic nesse patamar na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta semana.

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"A alta dos preços (pelo governo Dilma) foi combatida com o remédio mais amargo, a alta dos juros, que prejudica o investimento e a confiança dos empresários", criticou o deputado, que falou sob condição de anonimato.

Em entrevista à Reuters no começo de abril, Aécio já indicava que a inflação seria uma de suas armas de campanha. "Temos hoje uma inflação de preço controlado de 1,5 por cento. Isso, se soltar, ela vai a mais de 9 por cento. Essa é a bomba relógio que o PT está deixando para o futuro", disse o pré-candidato na ocasião.

DESARRANJOS NA ECONOMIA

Ao buscar exemplos que mostrem que as famílias das classes mais baixas tiveram seu poder aquisitivo corroído pela inflação desde o começo do atual governo, o tucano abrirá caminho para falar também de como as decisões de Dilma e de sua equipe econômica contribuíram para desarranjar a economia, segundo um outro parlamentar que também pediu para não ser citado.

"O governo não fez o que deveria, reduzir o gasto público para diminuir a pressão sobre os preços e dos juros", disse o parlamentar do PSDB.

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Aécio tem dito ser possível atacar a inflação com redução de gastos públicos e combinar isso com trajetória de queda nos juros no médio prazo. Desse modo, tem dito o tucano, seria possível alcançar a meta de inflação de 4,5 por cento em, no máximo, três anos.

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