O réu do mensalão tucano Eduardo Azeredo (PSDB-MG) recebeu em sua casa, em Belo Horizonte, uma visita do pré-candidato do PSDB à Presidência da República Aécio Neves um dia após renunciar ao mandato de deputado federal. Além de Aécio, também outros integrantes da cúpula do partido participaram do encontro com o ex-deputado. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
"Fiz o que é natural. Ele tomou uma decisão pessoal (de renunciar) e agora vai se preparar, vai se dedicar à sua defesa", disse Aécio, segundo a reportagem. Ele ainda voltou a dizer que Azeredo é um "homem de bem" após evento que lançou pré-candidatura de Pimenta da Veiga ao governo de Minas Gerais. Conforme a Folha, Azeredo renunciou sob pressão velada de seu partido, que teme danos do resultado do julgamento do mensalão tucano à candidatura de Aécio.
O mensalão mineiro
O processo conhecido como mensalão mineiro investiga possíveis desvios de dinheiro público durante a campanha do hoje deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG) quando era candidato à reeleição ao governo de Minas Gerais em 1998. Segundo a Procuradoria Geral da República (PGR), o então candidato teria se beneficiado de recursos procedentes de um esquema que envolveu a empresa de publicidade SMP&B, de propriedade do publicitário Marcos Valério, condenado a Ação Penal 470, o processo do mensalão, por fatos semelhantes. De acordo com a procuradoria, R$ 3,5 milhões foram desviados de empresas estatais mineiras para a campanha.
Segundo a denúncia, o esquema desviou recursos públicos das empresas estaduais Copasa (R$ 1,5 milhão), Comig (R$ 1,5 milhão) e do antigo Banco Estadual do Estado, o Bemge (R$ 500 mil).
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu em dezembro de 2009 pela aceitação da denúncia contra Azeredo. A Corte decidiu que apenas réus com foro privilegiado responderiam às acusações no STF, e determinou o desmembramento do processo para que 14 envolvidos respondessem às acusações na Justiça de Minas Gerais. Após o desmembramento, somente Eduardo Azeredo e o senador Clésio Andrade (PMDB-MG), então candidato a vice-governador na chapa tucana, são processados no STF.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao STF a condenação do deputado tucano a 22 anos de prisão pelos crimes de peculato e lavagem de dinheiro. O procurador pediu também que seja imposta uma multa de R$ 451 mil ao parlamentar.