O ex-governador de São Paulo e candidato derrotado na campanha para a presidência da República no ano passado, Geraldo Alckmin (PSDB), fez um alerta sobre a agenda diplomática do governo brasileiro no mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) está em viagem aos Estados Unidos em busca de uma aproximação com o governo de Donald Trump.
"Eu torço pelo governo, torço pelo Brasil. Mas é preciso ter foco no interesse nacional, não no de outros países. Você não pode brigar com a China, um dos maiores parceiros comerciais. Não faz sentido", disse nesta segunda-feira, 18, após ser questionado por jornalistas sobre quais deveriam ser as prioridades do governo brasileiro.
Alckmin avaliou que o comércio exterior será mais desafiador para o Brasil daqui para frente, considerando a desaceleração do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global, puxado pelo menor ritmo de atividade nos parceiros comerciais importantes, como China e Europa, além da vizinha Argentina.
Bolsonaro chegou a Washington no domingo e será recebido na terça por Trump, na Casa Branca. Em seguida, está previsto que os dois farão uma declaração conjunta, provavelmente mencionando a crise na Venezuela e como Brasil e EUA pretendem atuar unidos pela democracia na América Latina, fazendo uma crítica especial ao "socialismo" de Maduro.
Questionado sobre o governo de Bolsonaro, Alckmin disse também que é hora de diminuir o sectarismo e o radicalismo. "Não pode viver radicalismo do 'nós contra eles'. Isso faz lembrar o PT, só que às avessas", salientou, acrescentando que Bolsonaro deveria ser mais tolerante com as críticas. "A crítica constrói, aperfeiçoa, evita erros." Alckmin, que é presidente nacional do PSDB, disse que a postura dos tucanos será de "ajudar o Brasil", mas que não irão participar do governo.
Durante palestra, o ex-governador afirmou que "a princípio, todos os parlamentares do PSDB devem votar a favor da reforma da Previdência". Em seguida, durante entrevista à imprensa, acrescentou que o partido ainda está discutindo o assunto e que, oficialmente, ainda não há uma posição definida, mas que acredita que a tendência deva ser de aprovação do texto enviado pelo governo ao Congresso, com algumas ressalvas. Entre elas, o fim da PEC da Bengala, que abre caminho que o atual governo indique mais ministros ao STF, e o valor de apenas R$ 400 concedidos dentro de Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Alckmin também cobrou do governo a apresentação da proposta para a aposentadoria dos militares, condição apontada como essencial para que a votação da reforma como um todo siga adiante. "Não pode ter diferença de tratamentos. A regra precisa ser para todos. Caso contrário se perde o argumento. Há um grande déficit, que precisa ser corrigido. Mas vai ter que mudar para todo mundo. O governo vai mandar, acredito. Já deveria ter feito", disse.
Veja também: