Alckmin: 'mentira e falsidade' não colaboram com investigação de cartel

O governador de São Paulo disse que há interesse em "misturar as coisas" com objetivos políticos. "Não é possível conduzir o processo dessa forma"

27 nov 2013 - 13h03
(atualizado às 18h13)
Alckmin diz que a formação de cartel nesses setores ocorre em todo o mundo e classifica isso como "fenômeno econômico"
Alckmin diz que a formação de cartel nesses setores ocorre em todo o mundo e classifica isso como "fenômeno econômico"
Foto: Bruno Santos / Terra

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou na manhã desta quarta-feira, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, que mentira e falsidade não colaboram com as investigações sobre possíveis atos de corrupção nas licitações para obras do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) nos governos de Mário Covas, José Serra e na sua própria gestão. Para Alckmin, a investigação conduzida pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), com apoio da Polícia Federal, apresenta falhas que carecem de explicações. "Não é possível conduzir o processo dessa forma", diz.

Na tarde de ontem, líderes do PSDB se reuniram em Brasília para acusar o governo federal, comandado pelo PT, de interferir nas negociações do suposto cartel formado por empresas na construção e manutenção de linhas do Metrô e CPTM. Os tucanos anunciaram que moverão ações contra as acusações, pediram o afastamento do ministro da Justiça José Eduardo Cardozo das investigações, e acusaram o PT de estar reeditando o "escândalo dos Aloprados" - dossiê supostamente encomendado por petistas contra o então candidato à Presidência José Serra.

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Edson Aparecido, secretário da Casa Civil de Alckmin, disse em Brasília que houve "adulteração" dos documentos envolvendo os tucanos nas investigações sobre o cartel e que processará coletiva e individualmente cada um que o acusa. Segundo o secretário de Alckmin, na tradução feita pelo deputado estadual paulista Simão Pedro (PT) - apontado como o responsável por levar a denúncia ao Ministério da Justiça - foram introduzidos quatro parágrafos, sobretudo, referências ao PSDB.

Nesta quarta-feira, Alckmin disse que é preciso identificar quem fez as adulterações e a serviço de quem. "Isso não colabora com a investigação", afirma. "Quero reiterar a nossa disposição total de transparência e investigação e responsabilização de quem quer que seja. Agora, é preciso ter provas. O que nos deixou estarrecidos? Primeiro a mentira. Esse é o primeiro item: 'olha, quem encaminhou à Polícia Federal foi o Cade'. Aí vem o presidente do Cade e fala: 'não, não encaminhei nada'", disse o governador.

Ele prossegue: "Segundo, a falsidade: 'foi encaminhado um documento assinado por fulano de tal'. Aí o fulano de tal vem e fala que não assinou documento nenhum, que é apócrifo. A terceira: o documento de 2008, quando é traduzido do inglês para o português é acrescentado, falsificado, listando nomes, acusando pessoas e partido político. A investigação, nós somos os maiores interessados. É verdade absoluta".

Alckmin diz que a formação de cartel nesses setores ocorre em todo o mundo e classifica isso como "fenômeno econômico". "Essa delação foi feita em vários países do mundo. Veja que não é fácil. Até agora, o Cade, que é o órgão responsável, não conseguiu terminar. Criamos uma comissão externa para acompanhar todo esse trabalho. Já entramos com uma ação de indenização contra a Siemens. Podemos ter uma questão exemplar, com o ressarcimento aos cofres públicos. De forma colaborativa e séria. Não querendo em um momento de mensalão, você querer misturar as coisas com objetivo nitidamente político", disse.

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Fonte: Terra
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