O ministro Alexandre de Moraes afirmou que os golpistas que participaram dos ataques de 8 de Janeiro à sede dos Três Poderes, em Brasília, no ano passado, tinham o plano de prendê-lo e enforcá-lo. O magistrado é relator das investigações sobre o caso no Supremo Tribunal Federal (STF), e detalhou algumas ideias do grupo.
Em entrevista especial ao jornal O Globo, Moraes afirma que havia pelo menos três planos em relação a ele. “O primeiro previa que as Forças Especiais (do Exército) me prenderiam em um domingo e me levariam para Goiânia. No segundo, se livrariam do corpo no meio do caminho para Goiânia. Aí, não seria propriamente uma prisão, mas um homicídio”, esclarece.
O último, segundo o magistrado, envolvia o enforcamento dele em praça pública. “E o terceiro, de uns mais exaltados, defendia que, após o golpe, eu deveria ser preso e enforcado na Praça dos Três Poderes. Para sentir o nível de agressividade e ódio dessas pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição”, reforça.
Conforme o magistrado, houve uma tentativa de planejamento de como essas ações ocorreriam, e há um inquérito com participação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que monitorava os passos desses suspeitos, em caso de necessidade de realizar uma prisão.
“Tirando um exagero ou outro, era algo que eu já esperava. Não poderia esperar de golpistas criminosos que não tivessem pretendendo algo nesse sentido. Mantive a tranquilidade. Tenho muito processo para perder tempo com isso”, destaca.
Sobre a tentativa de golpe, Moraes salienta que é possível chegar aos organizadores, e que em menos de um ano, mais de 30 pessoas foram condenadas pelos atos de 8 de janeiro. Moraes também defendeu a regulação das redes socias, e apontou que houve um grande movimento na web na época.
“Elas [as redes] falharam e foram instrumentalizadas no 8 de Janeiro. Proliferaram o discurso de ódio, antidemocrático, permitindo que as pessoas se organizassem para a ‘festa da Selma, que era o nome utilizado (para o 8 de Janeiro)”, apontou.
Moraes também afirmou que sua segurança continua a mesma desde que assumiu a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, em 2014, mas aumentou a de sua família. “Eu já recebia ameaças da criminalidade organizada. O esquema é o mesmo há quase nove anos. Esses golpistas são extremamente corajosos virtualmente e muito covardes pessoalmente. Então, chegam muitas ameaças, principalmente contra minhas filhas, porque até nisso eles são misóginos. Preferem ameaçar as meninas e sempre com mensagens de cunho sexual. É um povo doente”, declarou.