Prestes a completar três semanas como presidente interino do país, Michel Temer (PMDB) está preocupado com um possível agravamento da crise política. A gravação do ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, criticando a Operação Lava Jato, divulgada neste domingo (29) pela TV Globo, pode determinar a saída do segundo ministro de Temer desde que ele assumiu o comando do Palácio do Planalto.
Em áudios revelados pelo Fantástico, Silveira, que na época ainda era conselheiro do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), conversa com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), e com Bruno Mendes, advogado e ex-assessor de Renan. Ele critica a condução da operação Lava Jato pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e ainda deu conselhos a investigados na operação.
Em meio aos rumores de que Silveira será exonerado, a base aliada do governo peemedebista estaria pressionando Temer a fazer uma faxina geral na composição da Esplanada dos Ministérios. “Diante da possibilidade de que Silveira deixe a pasta, aliados sugerem uma saída conjunta”, explicou interlocutor do presidente em exercício. “Eles dizem que Temer deveria aproveitar a possível saída de Silveira para sugerir que o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, saia logo também, já que ele estaria implicado em vários esquemas”, completou.
De acordo com o jornal O Globo, Temer se reuniu na manhã desta segunda-feira (30) com alguns ministros e assessores mais próximos, no Palácio do Planalto, para avaliar o impacto dos novos áudios. Ele se reuniu com Silveira ontem após a exibição da reportagem.
Segundo fonte próxima ao peemedebista ouvida por O Financista, o diagnóstico do time de Temer é que a situação é similar à do senador Romero Jucá (PMDB), que o obrigou a deixar o ministério do Planejamento na semana passada.
“A situação é bem parecida com o caso de Jucá, porém com provas bem menos comprometedoras - pelo menos até agora. O fato de ocupar um cargo que tem muito compromisso com o combate a corrupção, porém, agrava a situação e potencializa as chances de o ministro ser exonerado”, observou o interlocutor do presidente interino.
A saída de Silveira poderia não agradar Renan - que o indicou para a pasta - e atrapalhar o processo de afastamento definitivo de Dilma Rousseff (PT) no Senado. O interlocutor de Temer destacou ainda que há a preocupação de uma segunda baixa no primeiro escalão do governo antes de completar três semanas.
“Jucá se viu envolvido e se demitiu do cargo na semana passada. Foi o primeiro caso, o que acabou humanizando o governo, consolidando aquela questão de Temer reconhecer erros, o que Dilma não fazia”, disse o aliado próximo ao presidente em exercício. “Com Silveira, é reincidência, o que pode parecer fragilidade e inconsistência ao governo Temer”, completou.
Mesmo a saída de Silveira ainda sendo um mistério, aliados pressionam Temer a fazer faxina geral nos ministérios estão tentando “encontrar alternativa para que essa saída seja menos traumática e barulhenta que a de Jucá, se é que ele vai sair mesmo”.